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Desmatamento no Cerrado tem alta de 13%

Arquivo - Porção do cerrado com indícios de desmatamento em Palmeirante, Tocantins; Após uma leve queda no ano passado, o desmatamento no bioma voltou a subir este ano - Ueslei Marcelino/Reuters
Arquivo - Porção do cerrado com indícios de desmatamento em Palmeirante, Tocantins; Após uma leve queda no ano passado, o desmatamento no bioma voltou a subir este ano Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Giovana Girardi

Em São Paulo

29/12/2020 07h56

Após uma leve queda no ano passado, o desmatamento no bioma Cerrado voltou a subir este ano. Entre agosto de 2019 e julho de 2020 foram suprimidos 7.340 km² de vegetação nativa, alta de 13% em relação às perdas observadas nos 12 meses anteriores (6.483 km²). O desmatamento registrado equivale a quase cinco vezes a área da cidade de São Paulo e é o maior valor para o bioma desde 2015, quando foi observada uma devastação de mais de 11 mil km².

Os dados divulgados ontem são do projeto Prodes Cerrado, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O monitoramento do bioma é feito desde 2001, inicialmente a cada dois anos. Mas desde 2013 ocorre anualmente.

Neste ano, o estado do Maranhão foi o que apresentou a maior área de desmatamento (1.836,14 km²), respondendo por 25% das perdas no bioma. O Maranhão foi seguido pelo Tocantins (1.565,88 km²) e pela Bahia (919,17 km²).

As principais ameaças ao Cerrado ocorrem pela expansão da fronteira agrícola, principalmente na região conhecida como Matopiba - palavra que junta as siglas justamente dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A taxa divulgada nesta segunda corresponde 100% à gestão Jair Bolsonaro (sem partido).

O aumento do impacto sobre o Cerrado é semelhante ao registrado na Amazônia no mesmo período. Dados também do Inpe divulgados no fim de novembro apontaram alta de 9,5% no último ano do desmatamento na floresta - maior taxa desde 2008. Entre agosto de 2019 e julho deste ano, a devastação da floresta alcançou 11.088 km², ante os 10.129 km² registrados nos 12 meses anteriores. A área devastada equivale a 7,2 vezes à da cidade de São Paulo.

A elevação do Prodes observada na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019, ante os 12 meses anteriores, já tinha sido de 34,4%. O avanço do corte raso registrado na Amazônia Legal desde o início da gestão Bolsonaro interrompe uma sequência de dez anos em que o desmatamento ficou abaixo de 10 mil quilômetros quadrados.

Com essa taxa, o País também deixou oficialmente de cumprir a principal meta da Política Nacional de Mudanças Climáticas, de 2010, que estabelecia, em lei, que o desmatamento neste ano seria de, no máximo, 3,9 mil km².

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.