Topo

Novas práticas podem diminuir 30% das emissões do gado, calcula ONU

Em Roma

26/09/2013 10h56

As emissões de gás de efeito estufa produzidas pelo gado, em particular as flatulências das vacas, podem diminuir 30% graças a um uso mais extenso de melhores práticas e das tecnologias existentes, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira (26).

Cerca de 45% destes gases procedem da produção e do processamento de alimentos, 39% da digestão das vacas e 10% da decomposição do esterco, lembra a FAO, a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas, que tem sua sede em Roma, na Itália. O resto se deve ao processamento e ao transporte de produtos de origem animal.

O relatório, intitulado "Enfrentar a mudança climática através do gado: uma avaliação global das emissões e das oportunidades de mitigação", é o estudo mais exaustivo já realizado até a data, segundo a agência especializada.

No total, as emissões de gases de efeito estufa associadas às cadeias de produção do gado chegam a 7,1 gigatoneladas (Gt) de dióxido de carbono equivalente (CO2eq) por ano, o que significa 14,5% de todas as emissões destes gases de origem humana, afirma a organização.

A adoção de melhores práticas e tecnologias existentes para a alimentação, saúde, criação de gado e gestão de esterco, ou o uso de geradores de biogás e dispositivos de economia de energia, permitiriam reduzir a emissão de gases em 30%, calcula a FAO.

No caso dos bovinos, bastaria utilizar um pasto mais fácil de digerir. A genética também poderia ajudar a melhorar espécies para que emitam menos gás.

"Estas novas descobertas demonstram que há um grande potencial para melhorar o comportamento ambiental do setor, e nos fazem perceber que este potencial está realmente ao nosso alcance", afirmou Ren Wang, vice-diretor geral da FAO, responsável pelo Departamento de Agricultura e Proteção do Consumidor.

Com a demanda crescente de produtos da indústria agroalimentar, em particular nos países emergentes, "é imperativo que o setor comece agora a trabalhar para alcançar estas reduções, para ajudar a compensar o aumento das emissões globais que o crescimento futuro da produção de gado implicará".

No entanto, nos países desenvolvidos, onde a intensidade de emissões é relativamente baixa, mas o volume global da produção, e, portanto, das emissões, é alto, mesmo uma pequena diminuição na intensidade pode significar ganhos significativos. Este é o caso, por exemplo, da produção leiteira na Europa e na América do Norte, e da suinocultura na Ásia Oriental.