Justiça russa adia audiência da bióloga brasileira do Greenpeace
Do UOL, em São Paulo
17/10/2013 11h52
A audiência que iria analisar se a brasileira Ana Paula Maciel pode responder à acusação de pirataria em liberdade provisória foi adiada pela Justiça russa. A apelação dos advogados do Greenpeace, que estava marcada para esta quinta-feira (17), foi cancelada por problemas de tradução. Ainda não foi divulgada nova data, segundo a ONG.
Até agora, a corte de Murmansk, cidade portuária da Rússia, negou o pedido de liberdade provisória sob pagamento de fiança a 15 ativistas no barco Arctic Sunrise.
Os estrangeiros que continuam em prisão preventiva até o fim das investigações são: Camila Speziale, da Argentina; Cristian D’Alessandro, da Itália; David Haussmann, da Nova Zelândia; Frank Hewetson, do Reino Unido; Kieron Bryan, do Reino Unido; Marco Weber, da Suíça; Phil Ball, do Reino Unido; e o capitão do barco Peter Willcox, dos Estados Unidos.
Telma Maciel, irmã de Ana Paula, disse que está convencida que a corte russa "negará o direito de fiança" que permitiria a ativista esperar em liberdade a sentença da acusação de pirataria. Se condenados, cada um poderá cumprir pena entre 10 e 15 anos de prisão, além de pagar multa de até 500 mil rublos (cerca de R$ 33 mil).
Apoio internacional
Nesta quinta-feira, 11 ganhadores do Prêmio Nobel da Paz enviaram uma carta ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, pedindo a liberdade do grupo. Eles querem que o líder russo "faça tudo o que puder" para garantir que as acusações "exageradas" de pirataria sejam invalidadas.
"A exploração de petróleo no Ártico é uma atividade de altíssimo risco. Um eventual vazamento de óleo ali teria um impacto catastrófico em uma das regiões mais ricas, bonitas e preservadas do planeta", escreveram. "O impacto de um vazamento sobre as comunidades que vivem no Ártico e sobre espécies de animais que já estão ameaçadas seriam devastadoras."
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também se manifestou sobre o caso. Ela conversou por telefone com Putin na última quarta-feira (16) e expressou sua "preocupação" pelos ativistas detidos e pediu "uma rápida solução" ao caso.
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, também conversou por telefone com o chanceler russo, Serguei Lavrov, na terça-feira (15). O ministro comentou sobre o "empenho da presidente Dilma Rousseff para alcançar uma solução" com o caso da bióloga gaúcha.
A Holanda deu início a procedimentos legais contra a Rússia contra a "ilegalidade" da detenção dos ativistas a bordo do navio do Greenpeace Arctic Sunrise, de bandeira holandesa.
De acordo com o Greenpeace, mais de 1,3 milhão de pessoas já escreveram para as embaixadas russas de seus países em prol da campanha global pela libertação do grupo.