ONU quer pressa no combate ao aquecimento global
WELLINGTON, 2 setembro 2014 (AFP) - A chefe das Nações Unidas para a Mudança Climática, Christiana Figueres, alertou nesta terça-feira (2) que é preciso agir rápido contra o aquecimento global e mencionou a perigosa situação das nações que ficam em áreas baixas do litoral do Pacífico.
Figueres afirmou, em conferência da ONU em Samoa sobre as ilhas-Estado, que o impacto da mudança climática será maior nas nações do Pacífico, apesar de sua escassa contribuição para a criação do problema.
"A mudança climática é a maior ameaça enfrentada por estas ilhas, líderes dos esforços mundiais para tratar desta questão", afirmou à AFP.
A funcionária também explicou que um nível superior do mar não apenas faz a erosão do litoral das ilhas, como também arruína o fornecimento de água pela invasão dos lençóis freáticos e inundação dos terrenos de cultivo, tornando-os estéreis.
O aquecimento também faz com que mais ciclones e tempestades atinjam as ilhas. A representante da ONU explicou que está sendo preparado um plano que prevê o pior dos cenários, no qual refugiados da mudança climática terão de ser realocados em outros países.
"São medidas extremas a que estas ilhas devem prestar atenção. É óbvio que tanto as ilhas como o resto do mundo querem manter as imigrações de refugiados em um nível mínimo".
Figueres afirmou que a situação enfrentada por estas ilhas-Estado torna ainda mais necessário avançar com o objetivo de obter um pacto que limite os gases de efeito estufa até o final de 2015.
A ONU quer reduzir o aquecimento global em 2ºC em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial, que, segundo os cientistas, é o nível mínimo para poder estabilizar o clima.
Figueres considerou que ainda é possível conseguir isso, mas que a porta para esta opção "se fechará em breve".
Os líderes das ilhas cada vez mais elevam o tom de voz em relação à falta de ação global quanto ao problema.
O presidente das Ilhas Seychelles, James Michel, assinalou neste encontro em Samoa que os interesses das grandes empresas dominaram o debate durante muito tempo.
"É a hora de reconhecermos a mudança climática como ela é: um crime coletivo contra a Humanidade", afirmou, alegando que a mudança climática "rouba das ilhas-nação seu direito de existir".
O presidente das Ilhas Marshall, Christopher Loek, por sua vez, afirmou que as ilhas-Estado precisam lançar uma mensagem positiva sobre o que será necessário fazer na cúpula das Nações Unidas ainda este mês, em Nova York, à qual se seguirá outra em Paris, em 2015, para tentar alcançar um novo acordo climático.
"Devemos reconhecer que não há uma forma de liderança mais poderosa que a liderança através do exemplo", concluiu.
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