Curitiba é metrópole com vida mais sustentável do Brasil; veja ranking
Prover acesso à habitação, água, saneamento básico e eletricidade à maioria da população é o que garante à Curitiba a liderança em um ranking de sustentabilidade das regiões metropolitanas brasileiras. De acordo com um estudo publicado na revista Pnas, o fornecimento dessas estruturas urbanas permite avaliar o quão próximo as cidades estão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das nações Unidas) - que aliam justiça social à preservação ambiental.
O grupo responsável pelo estudo, que reúne pesquisadores do Santa Fé Institute e da Universidade do Arizona, nos EUA, criou um índice de desenvolvimento sustentável que congrega indicadores de acesso a serviços e infraestrutura urbana.
Com ele, analisou as 38 regiões metropolitanas brasileiras, além de 207 municípios da África do Sul.
"Quanto mais próximo de 1, mais perto a região está da realização plena dos objetivos no nível metropolitano", explica Luis Bettencourt, pesquisador de sistemas complexos que liderou o estudo.
No ranking brasileiro, a região metropolitana de Curitiba aparece com o índice desenvolvimento sustentável de 0,9597. Atrás de Curitiba, mas com índices bem próximos, aparecem a região metropolitana da Foz do Rio Itajaí, em Santa Catarina (0,9591), de Campinas (0,9507), São Paulo (0,9498) e Belo Horizonte (0,9474), todas localizadas na região Sudeste.
Salvador (0,9415), a sexta colocada, é a melhor posicionada da região Nordeste.
Já as seis regiões metropolitanas que aparecem na lanterna do ranking são todas das regiões Norte e Nordeste do país. Possui o pior índice de desenvolvimento sustentável a região metropolitana do Agreste, em Alagoas, com a marca de 0,4810. Antes dela, aparecem as regiões metropolitanas de Macapá, no Amapá (0,5208), Maceió, também em Alagoas (0,6293), do Sudoeste Maranhense (0,6775), de Belém, no Pará (0,6838), e do Cariri, no Ceará (0,7118).
O que isso significa?
O índice mede a fração da população com acesso a água tratada, saneamento básico, eletricidade e moradia. Esses indicadores estão entre os dados que compõem os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável adotados por 193 países e que devem ser alcançados até 2030.
O estudo utilizou dados do Censo de 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para criar o índice. Por ser composto por diferentes indicadores e por se caracterizar como uma medida comparativa, o índice assemelha-se a outros existentes para mensurar graus de desenvolvimento, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). No caso do IDH, a estatística é composta por dados de expectativa de vida ao nascer, educação e renda per capita.
Índice das cidades mascara desigualdades internas
No estudo, os pesquisadores associam a urbanização à melhoria dos indicadores de desenvolvimento sustentável, como acesso à saúde, educação e serviços básicos. Contudo, a expansão das cidades ocorre gerando grandes desigualdades internas, principalmente em cidades com baixos níveis de renda, como são as cidades brasileiras.
O ponto do artigo é também mostrar que embora muitas dessas grandes cidades realmente se saiam muito bem nas quatro dimensões de desenvolvimento sustentável que medimos (acesso à habitação, água, saneamento, eletricidade), há grandes variações entre bairros dentro delas"
Por esse motivo, o índice de desenvolvimento sustentável desenvolvido pelos pesquisadores possibilita quantificar o nível de desenvolvimento sustentável em diferentes escalas espaciais.
Por esse motivo, em uma cidade bem posicionada, como São Paulo (4ª posição), o índice mascara a existência de regiões no interior da cidade com baixíssimos graus de desenvolvimento sustentável - como áreas da periferia com pouco acesso a serviços e favelas sem infraestrutura urbana.
Para os autores, é necessário compreender os processos que conduzem a tais desigualdades para que o desenvolvimento sustentável possa ser alcançado de forma mais equitativa.
"Além disso, há outras dimensões do desenvolvimento sustentável que precisam ser medidas no futuro para uma avaliação mais completa. O artigo mostra como isso pode ser feito sistematicamente em qualquer cidade e em diferentes escalas", diz o pesquisador.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.