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MS decreta emergência após queimadas se intensificarem no Pantanal

11.set.2019 - Queimadas se intensificam no Pantanal e atingiram mais de 1 milhão de hectares em 40 dias em MS - Divulgação/PrevFogo/MS
11.set.2019 - Queimadas se intensificam no Pantanal e atingiram mais de 1 milhão de hectares em 40 dias em MS Imagem: Divulgação/PrevFogo/MS

Rafael Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Campo Grande

12/09/2019 12h32

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), publicou na edição de hoje do Diário Oficial estadual o decreto que impõe situação de emergência em todo o estado por conta das queimadas que atingem principalmente a região do Pantanal. Nove cidades (Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Corumbá, Ladário, Bonito, Miranda, Porto Murtinho e Bodoquena) foram incluídas na decisão.

De acordo com o programa PrevFogo, do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a estimativa é que mais de 1 milhão de hectares foram atingidos por queimadas nos últimos 40 dias. No período, foram registrados 3.304 focos, sendo a maioria no Pantanal, entre os municípios de Corumbá e Porto Murtinho, e na Serra da Bodoquena. Nas últimas 48 horas, foram 397 focos nesta região.

Neste ano, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) informou que o estado do Mato Grosso do Sul teve 6.328 focos de queimadas em áreas de vegetação. No ano passado, o estado registrou 1.756 focos no mesmo período.

No decreto, Azambuja determina que a situação de emergência será válida por 180 dias e autoriza a mobilização de todos os órgãos da estrutura administrativa do estado, sob a coordenação da Cedec/MS (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil), nas ações de resposta ao desastre, reabilitação e reconstrução do cenário afetado pelas queimadas.

A decisão também autoriza a convocação de voluntários para reforçar estas ações e para a realização de campanhas de arrecadação de recursos perante a comunidade, com o objetivo de facilitar o atendimento à população afetada.

Queimadas no Pantanal - Divulgação/PrevFogo/MS - Divulgação/PrevFogo/MS
Focos de incêndio em MS neste ano são quase seis vezes maior do que o registrado em 2018
Imagem: Divulgação/PrevFogo/MS
Segundo o governo, o mês de setembro é considerado o mais crítico para a ocorrência de incêndios florestais, devido a prolongada estiagem, a baixa umidade do ar e alertas de ondas de calor para o estado com alto risco à população, e o aumento de atendimentos nas unidades básicas de saúde, por causa das doenças relacionadas à qualidade do ar.

O Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul) informou que não chove há 45 dias no estado e não há previsão de chuva para os próximos 15 dias.

Pedido de aviões do Exército

O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, informou que foi feito na manhã de hoje um pedido de ajuda de aeronaves do Exército para combater incêndios de maiores proporções. "A ideia é que a gente aumente o número de pessoas atuando ao combate de incêndio e alertando a população que precisamos diminuir o número de focos. É uma questão fundamental para que, no curto espaço de tempo, a gente domine o fogo e não tenha tanto impacto na saúde, meio ambiente, fauna, flora e na economia", disse. O coronel Edison Zanlucas, chefe do Estado Maior Geral, afirmou que houve um reforço na equipe destinada ao combate de queimadas.

A meteorologista Franciane Rodrigues, do Cemtec, afirmou que a previsão do tempo para os próximos dias é que chuva fique abaixo da média registrada no mês. O cenário só deve melhorar em novembro. "A massa de ar seco segue atuando em todo o estado e isso faz com que as condições meteorológicas não sejam favoráveis ao longo de setembro e também tenha uma expectativa muito baixa em outubro", explicou.

Preocupação com áreas em aldeias indígenas

O governo deve fazer uma nova reunião amanhã para avaliar a situação. As ações de combate das brigadas do PrevFogo, com o apoio do Corpo de Bombeiros, se concentram nas aldeias São João e Alves de Barros, na reserva indígena Kadiwéu (Serra da Bodoquena), com 30 homens, e no Porto Morrinho, Passo do Lontra, margens da BR-262 e Estrada-Parque (Corumbá), também com 30 brigadistas.

Já o o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Maurício Sato, alegou que a maior preocupação do setor é a ausência de chuva na região. "O impacto imediato que nós temos está menos vinculado ao fogo e mais vinculado a falta de chuva. Nós temos automaticamente com essa baixa umidade do ar, uma demora maior para a implantação da nossa safra de soja que a partir do dia 15 de setembro já estaria permitida", analisou.

Mato Grosso decreta situação de emergência

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