Topo

Peru eleva cálculos para 11.900 barris de petróleo derramados no mar

28/01/2022 21h31

Lima, 28 jan (EFE).- O governo de Peru aumentou nesta sexta-feira para 11.900 a quantidade de barris de petróleo derramados em frente ao litoral de Lima por parte da refinaria La Pampilla, operada pela petroleira espanhola Repsol, e afirmou que o país enfrenta "um cenário sem precedentes" em sua história ambiental.

"A nova estimativa é de 11.900 barris", disse o vice-ministro do Meio Ambiente, Alfredo Mamani, durante uma entrevista coletiva realizada pelas principais autoridades ambientais do país, na qual apresentou números que excedem consideravelmente os 6.000 barris anunciados após o derramamento, que ocorreu em 15 de janeiro.

O ministro do Meio Ambiente, Rubén Ramírez, afirmou que as autoridades têm uma noção "consolidada" da magnitude do derramamento, "que ainda vai ter de ser alimentado mais, pois o material oleoso evaporou quando caiu no mar".

Mamani confirmou o número de 11.900 barris e acrescentou que equipes especializadas já recuperaram 4.225 barris, mas esta é uma emulsão de água e petróleo, que ainda tem de ser separada.

De acordo com o vice-ministro, estes números são os da última quinta-feira e serão "acumulados à medida que as atividades" de limpeza forem sendo realizadas.

"Isto está em forma líquida, também mencionamos que em terra temos um valor de 16.258 metros cúbicos (de areia) recolhidos, que também está impregnada com uma quantidade de petróleo que terá de ser calculada no devido tempo", frisou.

No início da entrevista coletiva, Ramírez ressaltou que o Peru está "enfrentando um cenário sem precedentes" na sua história ambiental.

Segundo o ministro, as autoridades "nunca" pensaram "que um evento como este derramamento de petróleo aconteceria, que poderia afetar tantos componentes naturais e gerar um fosso social e repercussões econômicas e até morais" no país.

O ministro disse que "o Estado tem sido frontal e enérgico ao enfrentar esta crise ambiental" e que está "fazendo o trabalho que a empresa não está fazendo".

Ramírez lamentou que o derramamento tenha inicialmente afetado três praias da costa de Lima e da província de Callao e depois "se espalhou com vestígios do material oleoso" até a costa do porto de Chancay", atingindo 44 quilômetros lineares.

Além de destacar o trabalho desenvolvido pelos peritos peruanos e militares da região, o ministro disse que o governo "enfatiza e aplaude o gesto de solidariedade das nações irmãs" e que as Nações Unidas tinham "feito sentir a sua presença" enviando uma missão de especialistas para assessorar o Peru diante do desastre ecológico.

O contra-almirante Alberto Avilés, chefe do distrito de capitanias número 2 da Direção Geral de Capitania e Guarda Costeira da Marinha, disse que os seus peritos têm 90 dias para apresentar um relatório que permitirá "estabelecer a responsabilidade administrativa pelo derramamento".

Nesta sexta-feira, um juiz peruano ordenou uma proibição de saída válida por 18 meses para quatro executivos da refinaria La Pampilla, incluindo o diretor executivo da Repsol no país, Jaime Fernández-Cuesta, como parte da investigação sobre a suposta responsabilidade no crime de poluição ambiental.

A decisão inclui também o chefe do Terminal Marítimo 2 de La Pampilla, Renzo Tejada Mackenzie, e os gestores da Repsol no Peru para Qualidade Ambiental, Cecilia Posadas Jhong, e Produção, José Reyes Ruiz.

Os quatro executivos da Repsol acataram imediatamente a decisão, que foi apoiada na quinta-feira pelo Ministério Público. Os advogados dos dirigentes defenderam a colaboração com a justiça e argumentaram que os clientes não tinham a intenção de abandonar o país. EFE