Por que um peixe modificado para brilhar no escuro preocupa os biólogos
Peixes coloridos e geneticamente modificados para brilharem sob a luz negra têm invadido riachos da Mata Atlântica. Os peixe-zebras (Danio rerio), com suas cores azul, verde e vermelho, viraram fonte de preocupação para biólogos, que temem que eles possam ameaçar a fauna local de um dos pontos de maior biodiversidade do planeta.
A presença em grande quantidade dos peixinhos, que tem de 4 a 5 cm de comprimento, causou surpresa, já que é raro um animal transgênico se estabelecer acidentalmente na natureza e continuar vivendo bem. A vida deles tem sido tranquila por possuírem poucos predadores nos rios brasileiros.
Além disso, os peixes transgênicos se reproduzem o ano todo e atingem a maturidade sexual mais cedo do que seus antepassados que vieram da Ásia, segundo pesquisa publicada na semana passada no Studies on Neotropical Fauna and Environment e reproduzida na Science.
Os invasores também estão se alimentando de uma dieta bem diversificada de insetos nativos, algas e zooplâncton. Em entrevista concedida à revista Science, Jean Vitule, ecologista da Universidade Federal do Paraná, disse temer que os genes de fluorescência sejam introduzidos em peixes nativos, tornando-os mais visíveis para os predadores.
Grupos de peixes-zebra foram vistos pela primeira vez no Brasil em 2015, na bacia do Rio Paraíba do Sul - que banha os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Cinco anos depois, indivíduos transgênicos foram observados nas lagoas e riachos do Sul e Nordeste. Apesar existir uma proibição de comercialização do animal no país, as fazendas locais continuam criando-os e vendendo como animais de estimação.
Por que ele brilha?
Nas últimas décadas, os cientistas têm usado o peixe-zebra em estudos de desenvolvimento e genética. No final da década de 1990, eles começaram a ser projetados para brilhar.
Para chegar nas cores verde, azul e vermelho, os pesquisadores injetaram genes de águas-vivas fluorescentes. Durante os anos 2000, as empresas viram o potencial dos peixes neon como animais de estimação.
Registrados como Glofish, eles se tornaram as primeiras espécies de peixe geneticamente modificadas do mundo a serem comercializadas.
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