Tecnologia e ancestralidade se unem na menor terra indígena do Brasil
Através de uma ação realizada pela multinacional chilena Softys, em parceria com a ONG Teto, cinco sistemas de saneamento autônomos que geram biogás e biofertilizante orgânico líquido foram instalados no último sábado nesta que é uma das seis aldeias que fazem parte da terra indígena do Jaraguá, localizada na cidade de São Paulo e que é a menor do país.
SOLUÇÃO SUSTENTÁVEL E INOVADORA.
A solução, desenvolvida pela empresa israelense HomeBiogas com apoio da ONU, foi projetada inicialmente para povos que vivem no deserto e hoje está presente em 110 países. Ela consiste em um banheiro e que está conectado a um reator, onde também são depositados restos de alimentos e de excrementos de animais.
Todos esses resíduos orgânicos são decompostos por bactérias e convertidos em biogás - que fica armazenado em um reservatório e é transportado através de uma tubulação para um fogão adaptado - e em fertilizante para adubar plantas frutíferas na comunidade.
A partir da instalação, cada reator leva cerca de 15 dias para começar a gerar biogás e pode produzir até 40 litros de fertilizante líquido por dia e cerca de 13 quilos de gás por mês.
"Esses banheiros proporcionam um pouco de tranquilidade para a gente, porque não temos saneamento básico. Trazem mais higiene, e conseguimos ensinar para as crianças (da aldeia) como o trabalho ecológico funciona e como vai trazer mais equilíbrio para a natureza", disse Wera, um dos líderes comunitários de Tekoa Itakupe, em entrevista à Agência EFE.
O jovem de 26 anos, que vive na comunidade guarani há pouco mais de duas décadas, enfatizou a importância da ação, que mitiga um dos problemas mais urgentes da aldeia. Ele também lembrou que a geração de gás traz "tranquilidade financeira" para os mais de 100 habitantes do local, que têm, em sua maioria, o artesanato como principal fonte de renda.
ENCONTRO DE CULTURAS PARA A SUSTENTABILIDADE
Wera também disse que o uso de novas tecnologias é fundamental para construir um futuro mais sustentável para todos, e defendeu a colaboração entre culturas para o desenvolvimento das comunidades indígenas.
"A gente consegue ver um avanço maior para nossa comunidade e um equilíbrio entre as culturas guarani e não indígenas", contou.
"A sociedade acredita que, como povos indígenas, não podemos evoluir tecnologicamente (...) Mas vemos que podemos associar a tecnologia à sustentabilidade respeitando a natureza, que é um dos princípios da cultura guarani (...) Acreditamos nesta fusão de culturas, mas precisamos crescer muito como seres humanos", acrescentou o líder indígena.
AÇÕES CONCRETAS PARA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A ação realizada em Tekoa Itakupe faz parte do projeto Softys Contigo, que busca contribuir concretamente para o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e mais especificamente ao que se refere a "Água Limpa e Saneamento".
Para isso, a empresa investirá um total de US$ 6 milhões para facilitar o acesso à água potável e ao saneamento em comunidades e assentamentos carentes na América Latina.
Nesse sentido, o CEO da Softys Brasil, Luis Delfim, disse em entrevista à EFE que todas as empresas são conscientes de que devem ter uma visão que transcenda seus próprios negócios e lembrou que no país 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável e mais de 100 milhões não estão conectadas a uma rede de saneamento, de acordo com dados do Instituto Trata.
"Quando há um número tão grande de pessoas com necessidades tão básicas, nós, como empresa, e todas as outras companhias, temos que dar nossa contribuição", argumentou Delfim.
O projeto Softys Contigo prevê a instalação de 2.000 soluções em toda a América Latina até 2026, 300 delas no Brasil. Até dezembro de 2022, 181 soluções terão sido instaladas na América Latina, impactando positivamente a vida de mais de 1.200 pessoas e mobilizando mais de 540 voluntários entre os funcionários da empresa.
"Fazemos parte de um grupo que tem 102 anos de idade e, se queremos estar presentes por mais 100, 200 anos, temos que colocar em prática a responsabilidade social. É por isso que os critérios ESG, seja de um ponto de vista social, de governança ou ambiental, são cada vez mais parte do processo de tomada de decisão", concluiu Delfim. EFE
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