Ponto (muito) fora da curva: gráfico mostra ano mais quente já registrado
Colaboração para o UOL
10/11/2023 04h00
O ano de 2023 está no caminho para se tornar o ano mais quente da história, segundo previsão de uma nova análise do observatório europeu Copernicus. Ainda que os cientistas estejam mais preocupados com as tendências do aumento das temperaturas a longo prazo, os últimos meses deste ano ligam um sinal de alerta.
O que aconteceu:
Mais de 80 anos em análise. Um gráfico publicado pela entidade mostra registros globais da temperatura do ar na superfície de 1º de janeiro de 1940 a 30 de setembro de 2023.
Veja o gráfico ampliado aqui.
O estudo afirma que 2023 está "no caminho para ser o ano mais quente de todos os tempos". Neste ano, todos os meses desde junho bateram recordes mensais de calor. Segundo a entidade, na Europa a situação é ainda mais preocupante: as temperaturas de setembro foram 2,51°C superiores à média de 1991-2020.
"Clima está mudando rápido". "Isso me deixa nervosa com o que está por vir. Quando combinamos todos os dados, os registros globais da temperatura do ar, os registros globais da temperatura da superfície do mar, os registros globais do gelo marinho, todas estas indicações juntas nos mostram realmente que o nosso clima está mudando em um ritmo muito rápido e que temos de nos adaptar ao clima que enfrentamos agora", disse Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus, em nota divulgada pelo observatório.
Acima das temperaturas pré-industriais. Na análise, também é possível notar que as temperaturas ultrapassaram temporariamente em 1,5°C as temperaturas pré-industriais —antes das emissões de poluentes passarem a afetar o clima global— justamente nos meses de junho, julho, agosto e setembro de 2023.
No limite de tratado global. O Acordo de Paris, o principal e mais atualizado tratado internacional contra as mudanças climáticas causadas pelo homem, tem como principal objetivo impedir o aumento de 2º C na temperatura global em relação à era pré-industrial. Ou seja, os dados atuais mostram que estamos perto de ultrapassar o que determina a convenção assinada em 2015.
Preocupação a longo prazo. "Isso não significa que violamos o Acordo de Paris, mas a realidade é que quanto mais dias, semanas ou meses tivermos acima 1,5°C, mais cedo ultrapassaremos o limite dele", considera Burgess.
O Copernicus, responsável pela análise, é um sistema de observação da Terra composto por uma frota de satélites europeus Sentinel, e instrumentos in-situ - no solo, mar e ar -que coletam dados gratuitos e disponíveis publicamente.