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Além de enchente histórica, RS foi atingido por nevasca em 1941; veja fotos

Neve na Praça Dante Alighieri, em Caxias do Sul (RS) Imagem: Studio Geremia/Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami

Do UOL, em São Paulo

17/05/2024 04h00Atualizada em 17/05/2024 11h19

Em 1941, a segunda maior enchente da história atingiu a capital do Rio Grande do Sul — o volume da cheia só perde para o visto neste mês. Naquele ano, o estado também sofreu com nevascas fortes, que cobriram cidades da Serra Gaúcha.

A "grande neve" de 1941

No final de maio daquele ano, uma frente fria trouxe chuva e neve para cidades da serra gaúcha. Na edição de 1º de junho de 1941, o jornal A Época escreveu, na matéria de capa, que em Caxias do Sul a nevasca teve início no dia 28 de maio, podendo ser vista até a manhã do dia 29.

Neve formou uma camada de 25 centímetros. Ainda segundo o jornal, a camada "cobria e tomava as formas de todas as coisas que estavam ao alcance da vista", como telhados, ruas, calçadas e carros.

As encostas montanhosas da cidade não apresentavam aspecto diferente: tudo era branco!
Jornal A Época, edição de 1º de junho de 1941

Fenômeno também ocorreu em junho. Além disso, outras cidades serranas também foram atingidas, como São Francisco de Paula. onde relatos publicados pela Revista do Globo mencionam 75 centímetros de camada de neve. Gramado e Bento Gonçalves também tiveram nevascas, com cobertura de 40 centímetros em cada.

Veja fotos da nevasca de 1941 em Caxias do Sul:

Neve na Praça Dante Alighieri, em Caxias do Sul (RS) Imagem: Studio Geremia/Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami
Pessoas andam sobre a neve em Caxias do Sul (RS), em 1941 Imagem: Reprodução/Arquivo Histórico RS
Neve na Praça Dante Alighieri, com a Catedral de Caxias do Sul (RS) ao fundo, em 1941 Imagem: Reno Mancuso/Acervo Mancuso
Neve em frente à Catedral de Caxias do Sul (RS), 1941 Imagem: Reno Mancuso/Acervo Mancuso
Neve sobre os arbustos da Praça Dante Alighieri, Em Caxias do Sul (RS), 1941 Imagem: Reno Mancuso/Acervo Mancuso
Estalactites de gelo em Caxias do Sul (RS) em 1941 Imagem: Reno Mancuso/Acervo Mancuso

A enchente de 1941

Até agora, 1941 havia ficado marcado como o ano da pior enchente da história de Porto Alegre. Entre os meses de abril e maio daquele ano, a cidade teve 22 dias de chuvas de maneira ininterrupta.

Na ocasião, as chuvas se distribuíram na chamada bacia hidrográfica da Lagoa dos Patos — que recebe as águas do Guaíba e outros rios do Rio Grande do Sul. Consequentemente, aconteceu a elevação do nível dos rios do estado.

Segundo o museu Joaquim Felizardo, o nível do Guaíba chegou a marca de 4,75 metros — de acordo com a CNN, algumas publicações falam até em 4,76 metros.

Cerca de 70 mil pessoas ficaram desabrigadas. Número equivale a aproximadamente um quarto da população da capital gaúcha na época, que era de 272 mil habitantes. Com as aulas suspensas, as escolas da cidade se transformaram em abrigos.

A arquiteta Elenara Stein Leitão compartilhou com o jornal O Globo uma carta de 1941 escrita por sua mãe, Helena Silva Stein, durante a tragédia. No relato, a então jovem de 16 anos conta detalhes da enchente histórica: "Os trens pararam e o telégrafo interrompeu. Estávamos simplesmente isolados do interior. Cinemas, colégios, Faculdade de Medicina e Direito ficaram cheios de flagelados e o governo sustentando todo o pessoal".

A cidade esteve vários dias às escuras, sem água, sem leite, sem jornal, foi mesmo de assustar!
Helena Silva Stein em carta publicada pelo jornal O Globo

Centro de Porto Alegre tomado pela enchente de 1941, a maior da história Imagem: Acervo Fotográfico, Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

Cidade ilhada. A enchente atingiu o porto, a estação ferroviária e o aeroporto municipal. Ainda segundo o museu, um dos momentos mais críticos do episódio foi quando a água atingiu a Usina do Gasômetro e deixou Porto Alegre sem luz. Depois do apagão, veio também a interrupção do abastecimento de água.

Barcos se tornaram o principal meio de transporte durante o período. No centro da cidade, no lugar dos automóveis e bondes, barcos e canoas faziam o transporte de pedestres.

Segundo registros da época, um terço dos estabelecimentos comerciais da cidade ficaram embaixo d'água por cerca de 40 dias. De acordo com o Nexo Jornal, os bairros do Centro, Navegantes, Passo D'Areia, Menino Deus e Azenha ficaram entre as áreas mais atingidas.

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