Por que onda histórica de calor no mar pode turbinar temporada de furacões

Após 421 dias consecutivos, em 29 de abril deste ano, foi anunciado o fim da histórica onda de calor marinha no Atlântico Norte. No entanto, pesquisadores norte-americanos temem que o pior ainda esteja por vir e alertam para furacões e ciclones mais fortes do que o habitual.

"Não é apenas sobre esse fenômeno ter durado tanto tempo. A questão é que os recordes relacionados à temperatura da superfície do mar foram quebrados com muita folga", declarou Brian McNoldy, pesquisador da Universidade de Miami, em entrevista à Scientific American.

Para piorar, o Atlântico Norte está longe de ser uma exceção. Os oceanos como um todo estão esquentando. De acordo com dados do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus, programa de observação da Terra da União Europeia, a temperatura da superfície do mar ao longo do ano passado estabeleceu um novo recorde mundial.

Por que isso pode intensificar furacões

Além de uma ameaça à vida marinha, provocando, por exemplo, o branqueamento dos corais, o aquecimento das águas tende a prolongar e intensificar furacões. Isso porque este tipo de evento é uma resposta natural à instabilidade atmosférica causada pelo excesso de calor (acima de 27ºC) na superfície do mar.

Além disso, o vapor d'água, que surge como uma maneira de liberar esse calor para cima e forma as nuvens que combinadas a outros fatores climáticos tornam-se furacões, atua como uma espécie de combustível nesse contexto.

"Sabemos que a temperatura média dos oceanos está subindo devido à emissão de gases poluentes na atmosfera, mas os índices mais recentes superaram muito as previsões feitas para esta época", destaca McNoldy. Especialistas ainda não sabem, aliás, por que de repente o mar tem ficado mais quente mais rapidamente e cogitam que isso seja o início de uma série de mudanças ainda mais graves no clima do planeta.

"A quebra desses recordes pode ser um aviso de que a Terra está se tornando um território imprevisível", avaliou Gavin Schmidt, diretor do Instituto de Estudos Espaciais da NASA, em uma matéria publicada no início do ano no periódico científico Nature. "Nos últimos nove meses, a temperatura da superfície do mar e do solo ultrapassou a estimativa inicial em até 0,2ºC, uma margem enorme na escala do planeta", destacou.

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