Seca de um lado, temporal de outro: as previsões para a semana de extremos
Giovanna Arruda
Colaboração para o UOL*
23/09/2024 15h42
A estiagem severa e a baixa umidade do ar vêm castigando boa parte do Brasil nas últimas semanas. A propagação de incêndios florestais e as chamas causadas de forma criminosa prejudicam a qualidade do ar e espalham fumaça pelo país.
O que aconteceu
Focos de incêndio continuam espalhados pelo país. De acordo com o Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Mato Grosso concentra o maior número de focos no momento: são cerca de 547 contabilizados no estado. Além de queimar o Pantanal e territórios como a Terra Indígena Capoto-Jarina, há focos também na capital Cuiabá e na Chapada dos Guimarães, famoso destino turístico na região.
Região Norte é amplamente afetada pelas queimadas. Ainda segundo registros do Programa Queimadas, Amazonas, Rondônia e Acre somam pelo menos 850 focos de calor nessa segunda-feira (23).
Nordeste também está queimando. Piauí, Maranhão e Bahia contabilizam, juntos, mais de 365 focos de calor. Segundo mapa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a região Sudeste e alguns estados do Centro-Oeste concentram os pontos de maior risco de incêndio.
Seca em algumas regiões, temporal em outras
Brasília vem enfrentando forte seca, fumaça e incêndios. A capital brasileira ultrapassou os 33ºC na última semana, batendo recorde de calor em meio a intensos focos de incêndio. Não há previsão de chuva para Brasília até pelo menos o início de outubro, e os termômetros seguirão com altas temperaturas, podendo alcançar os 35ºC na próxima sexta-feira (27). O vídeo abaixo, registrado na última segunda-feira (16), mostra a gravidade do cenário na cidade:
Chuva está abaixo da média em São Paulo. Segundo dados da Climatempo, até esta segunda-feira a capital paulista recebeu somente 23% da média normal de chuva para o mês de setembro. A próxima chuva só deve chegar à cidade no fim da semana e forte calor será registrado na região nesses primeiros dias de primavera.
Temperaturas devem seguir nas alturas em boa parte do Brasil. Em Palmas, a máxima prevista para os próximos dias é de 40ºC. Manaus, Rio Branco e Boa Vista devem ter, respectivamente, máximas de 39ºC, 37ºC e 36ºC. Em nenhuma dessas capitais deve chover. Já em Belém há 60% chance de chuva nas tardes desta segunda e da próxima terça-feira, enquanto a máxima chega a 35ºC.
Chuva deve aliviar calor e incêndios no Nordeste. Na região, há previsão de chuva para as capitais Aracaju, Natal, Recife, Salvador e Maceió.
Já no Sul, há alerta para fortes tempestades. A previsão indica que, pelo menos até a próxima quarta-feira (25), uma área de forte instabilidade irá se concentrar entre a Campanha Gaúcha, o sul e o extremo oeste do Rio Grande do Sul. Nessas áreas, há risco de temporais, granizo e rajadas intensas de vento. Segundo a Climatempo, o acumulado de chuva na região pode alcançar os 300 mm. A capital Porto Alegre também deve receber chuva, com temperatura variando entre 18 e 29º C nos próximos dias.
Queimadas podem exigir orçamento próprio do governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre o tema durante viagem a Nova York. Segundo o ministro, caso as queimadas se tornem recorrentes, a crise exigiria orçamento próprio para combater o fogo. "Vai ter que prever no orçamento uma dotação específica, que hoje talvez não se faça necessária, mas que amanhã, dependendo da evolução da mudança climática, pode se fazer", declarou.
Segundo Haddad, a melhor saída no enfrentamento aos incêndios é a atuação em conjunto. Para o ministro, a união do governo federal com estados e municípios pode ajudar a reduzir os custos envolvidos no combate ao fogo que se alastra pelo país. "Esse desafio que está colocado na mudança climática impõe a nós também abrir uma série de oportunidades para coibir, inibir essa mudança que está em curso."
Ministro alerta que crise climática deve ser pauta globalizada. "O mundo vai ter que encontrar uma solução, porque o problema não tem fronteira, não vai respeitar fronteiras. O aquecimento global é uma realidade."
*Com informações do Estadão Conteúdo.