Josias de Souza

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Opinião

Autoridade climática nem saiu do papel e já cheira a queimado

No intervalo de 24 horas, a publicação de duas entrevistas ateou fogo no debate sobre a criação da Autoridade Nacional Climática. Numa, Marina Silva disse que o novo órgão será estruturado como autarquia, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Noutra, o chefe da Casa Civil Rui Costa insinuou que a subordinação à ministra não faz nexo. "Ou é autoridade ou é um departamento", cutucou.

Marina falou ao Valor. A conversa saiu na edição desta segunda-feira. Disse que o novo órgão não se limitará à "gestão do desastre". Cuidará da "gestão do risco". Na sua entrevista, veiculada no domingo pelo Globo, Rui Costa fez pouco caso: "Não é isso que vai resolver. Se fosse assim, a Europa e os Estados Unidos já tinham resolvido. Bastava criar a Autoridade Climática e não tinha mais incêndio florestal no mundo".

A chefe do Meio Ambiente já esboça o perfil da futura autoridade climática. "Ou vai ser um climatologista ou alguém da área técnica ou de notório saber." O mandachuva da Casa Civil dedica-se a moer a proposta de Marina. Sustenta que um projeto, antes de chegar à mesa do presidente, "deve ser espancado e triturado".

Prometida na campanha e esquecida desde o governo de transição, a Autoridade Climática foi desengavetada por Lula há duas semanas, como parte da resposta do governo às queimadas. Houve grande otimismo. As fraturas no governo, expostas às vésperas do discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, mostram que os mais otimistas deveriam procurar um extintor.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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