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Esmalte e zoo: como caracóis desaparecidos há 100 anos voltaram à natureza

Após um século desaparecidos, caracóis do tamanho de ervilhas 'reaparecem' em ilha no Oceano Atlântico Imagem: Chester Zoo/PA

Do UOL, Em São Paulo

02/01/2025 05h30

Milhares de pequenos caracóis, do tamanho de ervilhas e antes considerados extintos, voltaram a ocupar seu habitat natural em uma remota ilha do Atlântico. A operação, que exigiu anos de trabalho e colaboração internacional, marca o retorno de espécies que não eram avistadas há um século, segundo a BBC.

O que aconteceu

Sobreviventes encontrados. Entre 2012 e 2017, conservacionistas identificaram uma pequena população de caracóis terrestres vivendo em penhascos rochosos nas Ilhas Desertas, no Atlântico Norte, próximo à Ilha da Madeira, em Portugal. Acreditava-se que os predadores invasores haviam levado os pequenos seres à extinção. No entanto, as expedições de conservação revelaram o contrário, 200 indivíduos restavam, de duas espécies de caracóis terrestres.

Do tamanho de ervilhas e menores que uma moeda de cinco centavos, acredita-se que ratos, cabras e cobras podem ter sido os principais predadores que levaram a espécie a quase extinção. Imagem: Chester Zoo/PA

Proteção contra predadores foi feita em cativeiro. Para protegê-los de predadores invasores, os caracóis foram levados para zoológicos no Reino Unido e na França. Sessenta deles ganharam um habitat cuidadosamente recriado no Chester Zoo, com condições ideais de alimentação e vegetação.

Restauração do habitat em ilha vizinha e monitoramento com canetas. Em cativeiro, os caracóis se multiplicaram, resultando em 1.329 filhotes. Cada indivíduo recebeu marcas coloridas de identificação, com canetas e esmaltes não tóxicos, para facilitar o acompanhamento após o retorno à natureza. Uma ilha vizinha, chamada Bugio, foi escolhida como refúgio seguro para o novo lar dos moluscos.

Monitoramento e importância para natureza

Rastrear caracóis ajudará a entender o retorno à natureza. "Isso nos permitirá localizar os caracóis e rastrear para onde se dispersam, o quanto crescem e como se adaptam ao novo ambiente", afirmou Dinarte Teixeira, biólogo conservacionista do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas da Madeira, em entrevista a BBC.

Os caracóis foram marcados com canetas e esmaltes não tóxicos para ajudar no monitoramento e rastreamento. Imagem: Chester Zoo/PA

Plano de recuperação. Gerardo Garcia, do Zoológico de Chester, descreveu a reintrodução como "um passo importante no plano de recuperação da espécie". Ele acrescentou: "Se tudo correr tão bem quanto esperamos, mais caracóis os seguirão na próxima primavera".

Impacto no ecossistema e importância. Heather Prince, também do Chester Zoo, ressaltou a importância dos caracóis para o habitat natural e ressaltou que além de servirem de alimento para outras espécies nativas, os caracóis quebram matéria orgânica e trazem nutrientes para o solo. "Eles ajudam as plantas a crescer. Tudo isso depende dos pequenos —os insetos e os caracóis que muitas vezes são negligenciados", explicou a pesquisadora a BBC.

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