O chão de terra batida acolhe as mãos e os joelhos da guia turística Thaís Patrícia, 26. Com seu equeté, adorno utilizado por religiosos de matriz africana como elemento de proteção, ela se inclina por completo e passa alguns segundos em silêncio. É como se pedisse bênção e licença. A reverência da jovem, que também é professora de geografia e mestranda na área na Universidade Federal de Alagoas, é um ritual que ela cumpre sempre que pisa no solo sagrado da Serra da Barriga, Patrimônio Cultural do Mercosul desde 2017, localizada na cidade de União dos Palmares, cerca de 78 quilômetros de Maceió (AL). É de lá que ela, a única guia mulher - entre uma dezena de homens -, tem tido a missão de transmitir o legado do maior, mais importante e longevo berço de resistência negra contra a escravidão das Américas, o Quilombo dos Palmares — que existiu na Serra por volta do século 16. "Não é apenas um guiamento. Fui escolhida para ser a guardiã daquele espaço", conta Thaís. Leia matéria completa de Géssika Costa, que visitou o local no começo do mês. PUBLICIDADE | | |