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O antissemitismo, além dos judeus

Existe um caminho rápido para o fim da guerra no Oriente Médio: o reconhecimento do direito à existência de Israel. Já aconteceu antes. Egito, Jordânia e Emirados Árabes Unidos, entre outros países da região, abraçaram essa fórmula. Acordos de paz foram firmados e, a partir deles, prosperaram novas relações comerciais, humanas e culturais entre governos e povos que antes eram inimigos.

O antissemitismo pode ser definido como um sentimento de preconceito, hostilidade ou discriminação contra os judeus. Sua forma mais antiga, apesar de ainda ativa, saiu de moda quando os horrores do Holocausto vieram à tona. Mas o ódio continuou latente. Hoje se manifesta, majoritariamente, através da negação do direito à autodeterminação do povo judeu, consolidado por uma decisão soberana da ONU, em 1948. Nenhum outro movimento nacional sofreu ou sofre algo parecido. Ao assassinar mil e quatrocentos civis e sequestrar mais de duzentos inocentes, o Hamas assumiu a linha de frente desse movimento alimentado pelo preconceito. Mais do que isso: o Hamas transformou, propositalmente, a Faixa de Gaza em alvo militar, sabendo das terríveis consequências humanas que impõe ao seu próprio povo. A morte de civis palestinos, para o Hamas, é parte de uma estratégia para alcançar seu objetivo nefasto. Basta ler o estatuto desse movimento terrorista para compreender ao que me refiro. É fácil. Está na internet para quem quiser ver.

Cada morte de inocentes em uma guerra deve ser lamentada, tanto faz onde estejam. Nesse conflito, porém, há dois lados, com práticas e valores diferentes e nitidamente desenhados.

Não é por acaso que as democracias mais sólidas do Ocidente manifestaram, através de seus governos eleitos, solidariedade a Israel. Existe uma compreensão clara de que o antissemitismo, fantasiado agora de antissionismo, não é um problema apenas judaico. Por trás dessa nova onda de intolerância, cresce uma ameaça ao modelo de sociedade na qual vivemos. Na Faixa de Gaza, a ditadura do Hamas persegue minorias, opositores, oprime mulheres e sufoca a liberdade de expressão. Para isso, adota uma interpretação radical da religião islâmica, que pretende impor até onde as suas garras alcançarem. O ódio aos judeus, no caso, é o ódio à democracia e à diversidade.

Nesse contexto, é fundamental separar o Hamas da causa que, falsamente, jura defender. Acredito que a maioria dos palestinos deseja viver em paz com Israel. Mas isso só será possível quando a intolerância, o terror e a selvageria forem derrotados pelas sociedades livres e democráticas. É esse o desafio inadiável que, por oportunismo, ignorância ou má fé, tanta gente omite das suas opiniões inflamadas nas redes sociais. Nesse momento de dor e de apreensão, nos move a certeza de que venceremos. Essa é uma luta favor do futuro. Que ela termine logo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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