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"Políticos usam o dinheiro público como se fosse seu", diz Roberto Romano

Da Redação

10/07/2008 14h42

Os 81 senadores da República ganharam um reforço. Sem alarde, a Mesa Diretora do Senado aprovou a contratação, sem concurso público, de mais 90 funcionários com salário de R$ 9.979,24 para trabalhar nos gabinetes dos parlamentares e também nas lideranças partidárias. Cada senador poderá empregar um novo funcionário ou, se achar melhor, dividir o salário entre os novos contratados. Quase R$ 1 milhão a mais de gastos para a Casa.

Professor titular de ética e filosofia política na Unicamp, Roberto Romano afirma que o país hoje vive uma situação 'interessante', com um regime que não é mais nem República, nem democracia. "A oligarquia está funcionando a pleno vapor", diz o filósofo, que cita o jurista francês Jean Bodin para explicar o que os parlamentares estão fazendo. "Bodin dizia que tirano é aquele que usa os bens dos governados como se fossem seus. Os políticos usam o dinheiro público como se fosse seu."

Sobre a operação da Polícia Federal que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas, Romano contou que em encontro com o ministro-chefe da CGU conversaram sobre o aumento do combate à corrupção, mas que apesar dos esforços, não temos ainda estabelecido um mapa dela. "A imprensa, o Ministério Público, a polícia, descobrem diacronicamente escândalos, mas eles continuam a operar sincronicamente", analisa o filósofo. "Enquanto um está preso, o outro segue delinqüindo."

"Não existe mais fé pública no Brasil. Estamos à beira de uma catástrofe em termos de vida política nacional. A Polícia Federal tem feito um bom trabalho, chegado às fontes, mas trabalho tem sido prejudicada pela prepotência de alguns delegados. E a Justiça está dando muitas mancadas", conclui.