Candidato à reeleição na Assembleia de SP, Barros Munhoz acusa jornal de perseguição
Tida como definida e previsível, a eleição da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de São Paulo foi tumultuada na última sexta-feira (11), depois que o jornal Folha de S.Paulo começou a publicar uma série de reportagens sobre suspeitas de desvios de verbas públicas supostamente comandados pelo deputado tucano Barros Munhoz, atual presidente da Casa e candidato à reeleição no pleito que acontece às 15h de amanhã (15).
Pelas informações divulgadas, o parlamentar teria participação em um esquema que teria desviado, em 2003, R$ 3,1 milhões da Prefeitura de Itapira, município do interior de São Paulo administrado por Munhoz até 2004. Ele nega as acusações.
O deputado, que desde sexta-feira evitar comentar as suspeitas, foi encontrado em um corredor da Alesp nesta segunda-feira (14) por volta das 14h. Ele afirmou ao UOL Notícias que as reportagens não vão abalar seus planos “nem um milímetro”.
Mostrando estar insatisfeito com os questionamentos da reportagem, o deputado disse que os deputados são “maduros” para entender o motivo das acusações. Perguntado sobre quais seriam tais motivações, o parlamentar acusou o jornal de perseguição. “A Folha está por trás. A Folha é que está fazendo.” O jornal preferiu não comentar as declarações.
Sobre o resultado das eleições, Munhoz diz que “é muito cedo” para comentar. “Vamos ter reuniões e conversas. Vai ser decidido o que vamos fazer, se vamos ratificar. Hoje está combinado que vou ter apoio da grande maioria dos partidos, inclusive do PT.”
As notícias atrapalharam a articulação que o próprio deputado vinha conduzindo. Até a semana passada, era certo que, em troca de cargos, o tucano teria o apoio de quase todos os partidos do Legislativo de São Paulo, inclusive o PT, que ofereceu seus votos com a garantia de que comandará novamente a 1ª secretaria da Mesa –que funciona como uma “prefeitura” da Alesp, com muitos cargos, ampla estrutura física e responsável pela verba.
Para conter os ânimos e realinhar seus apoiadores, Munhoz convocou na tarde desta segunda-feira uma reunião de líderes. Nos bastidores, comenta-se que o encontro –que normalmente acontece às terças-feiras– serviu para o presidente sondar se a sua base de sustentação continua em pé.
Apesar da repercussão das denúncias, quatro líderes partidários ouvidos pelo UOL Notícias disseram que não há chance de mudança no nome. “É um assunto que está consolidado. Não tem nenhum risco do nome ser alterado. Respeitamos as denúncias, mas não existe nada de novo”, disse o futuro líder do governo, Orlando Morando (PSDB), afirmando que as mesmas suspeitas de corrupção em Itapira já foram apontadas no passado.
Entretanto, dois deputados prometem lançar candidaturas próprias amanhã. Carlos Giannazi (PSOL) disse que irá conduzir, por orientação do partido, uma “anticandidatura”, como forma de criticar o funcionamento da Alesp. Para o deputado, o Legislativo vem funcionando como um “apêndice do Palácio dos Bandeirantes”.
Major Olímpio também alega que irá lançar uma candidatura de “protesto”. O seu próprio partido, o PDT, no entanto, já avisou que irá votar em Munhoz. “Pedi autorização para lideranças da sigla e consegui a autorização. Não tenho medo de punições. Não vou procurar nem os votos dos membros do meu partido. A minha posição é de discordância. Eu não concordo ter mais de mil projetos prontos na ordem do dia que não são discutidos e votados. Não quero que eles sejam aprovados, apenas discutidos.”
PT e PSDB juntos
Líder do PT na Casa, o deputado Antonio Mentor negou ontem que seu partido tenha deixado de lado a ideologia para apoiar o candidato da situação. Críticos da gestão da presidência da Alesp, a quem acusam de engavetar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e dificultar o trabalho da oposição, os petistas já fecharam voto em Munhoz.
“Não vamos votar com o PSDB. Vamos votar com o PT, garantindo aquilo que a constituição determina, que é a proporcionalidade. Não acho (que a ideologia fica de lado).”
Mentor argumenta que o pacto é pontual e será feito apenas nessa eleição. “Do ponto de vista da administração da Casa, não tivemos nenhuma dificuldade com o presidente indicado pelo PSDB. A nossa posição está mantida. E vamos continuar fazendo uma oposição rigorosa ao PSDB”, afirmou Mentor.
Cronograma
A sessão solene de posse dos deputados estaduais e de eleição da Mesa Diretora começa às 15h desta terça-feira (15) no plenário. Primeiro, os parlamentares eleitos em outubro de 2010 serão empossados –alguns nomes podem ser barrados por pendências com a lei da Ficha Limpa, por exemplo.
Logo depois, será organizada a eleição nominal dos ocupantes da nova Mesa Diretora. O vice-governador Guilherme Afif Domingos (DEM) estará no evento, representando o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
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