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Câmara dos Deputados não deveria ter poder de cassação, diz José Dirceu

José Dirceu fala sobre a absolvição da deputada Jaqueline Roliz no Jornal Record News - Antônio Chahestian/Divulgação
José Dirceu fala sobre a absolvição da deputada Jaqueline Roliz no Jornal Record News Imagem: Antônio Chahestian/Divulgação

Do UOL Notícias

Em São Paulo

01/09/2011 22h06

O ex-deputado federal José Dirceu (PT) disse nesta quinta-feira (1º) que a Câmara dos Deputados não deveria ter poder de cassação. A afirmação foi dita em entrevista ao Jornal Record News ao comentar a absolvição da deputada Jaqueline Roliz (PMN-DF), acusada de envolvimento no mensalão do DEM.

Ainda que não tenha deixado claro sua posição sobre a culpa ou a inocência da deputada, José Dirceu comparou o caso com sua própria cassação. "Mesmo com provas, ela foi absolvida. Agora, mesmo sem ter nenhuma prova contra mim, fui cassado", disse. Para ele, a cassação é uma decisão exclusivamente política, mas não baseada em provas. Dirceu foi cassado por suposto envolvimento no mensalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Esse tipo de decisão, na opinião dele, deve ser tomado pela Justiça e não pelos deputados. "Com esse poder disseminado pelo país, muitos se acham Deus para julgar, mesmo sem provas." Para evitar julgamentos equivocados de parlamentares, Dirceu afirmou que é a favor de uma reforma política e administrativa.

"O nosso atual sistema está fadado ao fracasso e exige mudanças", afirmou.

Eleições Municipais

Ainda que o PT tenha cinco possíveis indicações para disputar o cargo da prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2012, José Dirceu antecipa que o favoritismo para a vaga é da senadora Marta Suplicy e do ministro da Educação Fernando Haddad.

Ele enfatiza a experiência da senadora, que já assumiu o cargo entre 2001 e 2004, mas defende uma renovação no PT, o que fortalece o nome de Haddad. "Ele, no entanto, terá que ter maior participação partidária, principalmente na capital paulista."

Denúncias 

Em resposta às denúncias feitas pela revista "Veja", que o acusou de manter influências em Brasília mesmo afastado do cargo político, o ex-deputado federal alega ter sido vítima de invasão de privacidade. Ele não nega o seu envolvimento na política, mas sim no governo da presidente Dilma. 

Como militante do PT e consultor, Dirceu alegou ter contato com ministros, prefeitos, governadores, deputados e senadores. “Alguns deles são amigos de 30 e 40 anos", relata. Além da amizade, acrescenta seu envolvimento em palestras e reuniões por todo o país. "Sou uma liderança do PT, muitos procuram por minha opinião e não há nada de errado nisso."

Além de a reportagem mostrar imagens de encontros entre Dirceu e ministros, senadores e deputados, ela acusa o ex-deputado federal de ser o chefe de uma conspiração contra o PT. "Percorri o Brasil, em 2009, para fazer campanha para a Dilma. Portanto, é como se eu tivesse deixado de ser corintiano. Não faz sentido", justifica ele.