CPI do Cachoeira aprova quebra de sigilos e depoimento de bicheiro no dia 15
O plano de trabalho elaborado pelo relator da CPI do Cachoeira instalada no Congresso, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), foi aprovado em reunião nesta quarta-feira (2) pelos integrantes da comissão.
A proposta do relator é que, em maio e junho, ocorram duas sessões de depoimentos por semana, e, de julho a outubro, uma por semana. Pela proposta aprovada, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, será ouvido no Congresso no próximo dia 15 de maio.
Depois da votação do plano de trabalho, os integrantes da comissão aprovaram outros dois requerimentos, que pediam a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico do bicheiro e requeriam à Receita Federal informações da movimentação financeira de Cachoeira nos últimos dez anos.
O prazo de conclusão da CPI é de 180 dias –com término em 4 de novembro– e tem como objetivo indicar ao Ministério Público Federal as pessoas que deverão responder por responsabilidade civil ou criminal no suposto esquema comandado pelo bicheiro na esfera pública e privada.
A sugestão do relator é que o primeiro a dar depoimento seja o delegado da Polícia Federal Raul Sousa, responsável pela Operação Vegas, no próximo dia 8. O que foi investigado na Vegas e na operação Monte Carlo é justamente o alvo da CPI.
No segundo dia de depoimentos, previsto para 10 de maio, serão convidados o delegado da PF Matheus Mella Rodrigues e os procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsáveis pelas investigações da Operação Monte Carlo.
Em 22 de maio, estão previstos os depoimentos de José Olímpio de Queiroga Neto, Cleyb Ferreira da Cruz, Giovane Pereira da Silva (que ainda está foragido), Wladmir Henrique Garcez e Lenine Araújo de Souza. Todos são acusados de envolvimento na organização criminosa.
Em 24 de maio, serão ouvidos Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos principais articuladores do esquema, e Jairo Martins, também apontado como integrante da organização. No dia 29 de maio, irá depor Claudio Abreu, ex-diretor regional da empresa Delta na região Centro-Oeste. No dia 31 é a vez do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).
Em junho, estão previstas oitivas nos dias 12, 14 e 19 com funcionários de governos estaduais, integrantes do Ministério Público e das polícias Federal e estaduais. Especialistas em crimes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro e crimes tributários também serão convidados a participar de audiências públicas com os parlamentares.
Dento do plano de trabalho aprovado pela comissão não há indicação para que outras pessoas da empresa Delta sejam ouvidas. Mais cedo, Cunha defendeu-se das críticas de parlamentares de que seu plano de trabalho não inclui a convocação do ex-presidente da empresa, Fernando Cavendish. “Estamos apresentando um plano inicial, esse plano inicial traz a Delta, traz um diretor da Delta, que é o Cláudio Abreu. A posteriori, nós podemos apresentar e apreciar outros requerimentos. Mas nós precisamos começar por algum ponto e o ponto é exatamente o Cláudio Abreu”, justificou o relator.
A Delta é uma das construtoras com mais contratos com o governo federal –incluindo projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)– e é citada pela Polícia Federal por envolvimento com Cachoeira.
O documento final sobre a CPI, com as conclusões do relator sobre o caso, está previsto para ser lido no dia 23 de outubro no Congresso, e a votação deve ser feita dois dias depois.
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