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Veja quais foram as respostas do governador de Goiás à CPI do Cachoeira

Maurício Savarese

Do UOL, em Brasília

12/06/2012 21h25

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), depôs, nesta terça-feira (12), por mais de oito horas à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos.  Veja abaixo as respostas de Perillo sobre os principais questionamentos feitos pelos integrantes da CPMI.

Venda da casaPerillo reafirmou que recebeu três cheques pela compra de sua residência e disse que deveria ter atentado a quem fazia o pagamento, mas não o fez. Declarou que tentou repassar o imóvel a seu suplente, o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que não concluiu o negócio. Mostrou um recorte de jornal para demonstrar que anunciou a casa em um jornal de Goiânia. "Se soubesse que daria todo esse problema, continuaria morando lá", disse. O governador afirmou que inicialmente foi procurado pelo ex-vereador Wladimir Garcez, que lhe teria repassado os cheques. No ato de assinatura da escritura, Garcez teria dito que o empresário Walter Paulo Santiago acabaria ficando com o imóvel. A suspeita é que Cachoeira tenha intermediado a venda da casa do governador.
Escritura
da casa
O governador afirma que a escritura da casa nunca esteve no nome de Wladimir Garcez porque só a lavraria depois de os pagamentos com cheques pré-datados serem compensados pelo banco. Segundo ele, Garcez revendeu o imóvel porque não tinha como pagá-lo. Sendo assim, a escritura já saiu com o nome de Walter Paulo Santiago, que pagou pelo imóvel em dinheiro a Garcez. O ex-vereador teria mostrado um recibo do pagamento e ficaria apenas como intermediário da operação.
Carlinhos CachoeiraO tucano repetiu que telefonou para Cachoeira apenas uma vez, para cumprimentá-lo por seu aniversário. Disse que em mais de 30 mil horas de gravações da Polícia Federal não havia nenhum outro diálogo além desse --que chamou de "fortuito"-- com o contraventor. Negou que tenha feito nomeações a pedido do pivô da CPI. Perillo afirmou que apenas um dos citados nas conversas como potencial indicado em seu governo acabou assumindo um cargo importante --depois de passar "por um duro processo, baseado em meritocracia". Disse que se reuniu com "o empresário, não o contraventor" apenas por uma vez no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano.
Favorecimento à DeltaO governador negou qualquer auxílio à Delta, empresa que, segundo a Polícia Federal, teria Cachoeira como sócio oculto. Ele afirmou que um levantamento de sua gestão indica que a construtora é responsável por não mais do que 4% das obras em todo o Estado. Ele ainda sugeriu que se a empresa for investigada a fundo "muitos outros, de diversas matizes políticas" poderão se ver envolvidos em seus negócios.
Jogo ilegalMarconi Perillo se disse contrário à prática e afirmou que seu governo combate a contravenção. Ele negou que policiais tenham facilitado negócios de Cachoeira, que teria reclamado em conversas telefônicas sobre a pressão em seus negócios ilegais. O governador afirmou que policiais corruptos foram afastados de seus cargos nos últimos anos.
Demóstenes Torres"Não deixaria de apertar a mão dele", disse o governador de Goiás sobre o braço político dos negócios de Cachoeira. Demóstenes foi secretário de Segurança Pública na gestão de Perillo, antes de os dois romperem politicamente. Eles reataram, segundo o tucano, nas eleições de 2010. Perillo disse que por muito tempo aceitou conselhos e indicações do senador, "que era uma pessoa muito respeitada em todo o país".
PerseguiçãoPerillo afirmou que as acusações contra ele são "uma perseguição política". Afirmou ser "vítima" e que está sendo investigado por um negócio "puramente particular" --a venda da residência. Disse que sua gestão "é limpa e honrada", mas "irrita os adversários".
SigilosQuestionado sobre se abriria seus sigilos fiscal, bancário e telefônico à CPI, Perillo disse que essa decisão "depende do plenário da comissão". Ele ofereceu alguns dados bancários do período referente à compra do imóvel.
Chefe de Gabinete exoneradaSobre sua ex-chefe de gabinete Eliane Pinheiro, acusada de receber informações privilegiadas de ações policiais para repassá-las a Cachoeira, Perillo afirmou que ela tratava "apenas de assuntos partidários". "Ela saiu do governo por se sentir constrangida, ela é parente de uma parente de Cachoeira", disse. "Nunca intermediou nada disso."
Pagamentos de campanhaPerillo voltou a negar que tenha feito pagamentos em dinheiro a Luiz Carlos Bordoni, responsável por sua campanha no rádio em 2010. Também negou que o jornalista tenha sido pago com recursos de uma empresa fantasma que, segundo a PF, era abastecida por Cachoeira. Bordoni diz que recebeu R$ 40 mil das mãos do próprio governador. "Ele vai ter de provar isso na Justiça", afirmou o tucano.