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"Lula nunca esteve com Marcos Valério", diz Jaques Wagner

Julianna Granjeia

Do UOL, em São Paulo

16/09/2012 14h54Atualizada em 16/09/2012 17h29

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), afirmou, em evento de campanha de Fernando Haddad com lideranças do PT e do PSB realizado neste domingo (16), na zona norte de São Paulo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca esteve com o empresário Marcos Valério.

“Por acaso, estava ontem com Lula na Bahia e o que eu posso dizer é que eu tenho certeza que ele nunca esteve com Marcos Valério, nem no Planalto, nem na Granja do Torto”, afirmou o governador, que não quis detalhar sua conversa com o ex-presidente.

Reportagem da revista "Veja" desta semana diz que o empresário Marcos Valério de Souza acusou o ex-presidente de chefiar o mensalão e que o PT usou R$ 350 milhões no esquema.

O texto da revista diz que o empresário relata encontros que teria tido com o ex-presidente no Palácio do Planalto. "Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo", disse, segundo o texto.

"Novela" e HQ lembram o caso

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O STF (Supremo Tribunal Federal) já condenou Valério, considerado operador do mensalão, por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato (desvio de dinheiro). Valério ainda será julgado por evasão de divisas e formação de quadrilha.

A revista informa que a reportagem foi feita com base em revelações de parentes, amigos e associados de Valério.

Wagner também comentou sobre a repercussão do julgamento do mensalão no STF nas eleições municipais.

“O grande julgamento do mensalão foi feito na eleição de 2006. O problema é que os adversários querem carimbar o PT como o ‘partido dos marginais’. Seguramente não somos o partido dos santos, como um partido de homens e mulheres, mas também não somos o partido de marginais. Esse assunto recebeu muita pimenta no sentido de reaquecer o processo. Eu, andando na rua, fazendo campanha, não sinto que vá prejudicar [a campanha nas eleições municipais]”, afirmou o governador.

O presidente do PT, Rui Falcão, ao ser questionado sobre a reportagem da “Veja”, disse que o partido não apresentará nenhuma ação à Justiça. “Estamos preocupados apenas com a campanha eleitoral”, afirmou.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, --também presente no evento-- minimizou as consequências da reportagem nas eleições. Ele afirmou que as campanhas eleitoras do PT estão "descoladas" do tema.

"A população quer definir o voto a partir da qualidade das propostas", disse.

Entenda o mensalão

O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O processo tem 38 réus --um deles, contudo, foi excluído do julgamento no STF, o que fez o número cair para 37-- e entre eles há membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.

O grupo é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula. O esquema seria operado pelo empresário Marcos Valério, que tinha contratos de publicidade com o governo federal e usaria suas empresas para desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Procuradoria, o Banco Rural alimentou o esquema com empréstimos fraudulentos.

O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.

O ex-presidente Lula, ao chegar ao evento, não deu entrevista. Apenas disse aos jornalistas: “Hoje é domingo, vim almoçar e não vou falar nada”.

Entenda o dia a dia do julgamento