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Deputada Jaqueline Roriz cai em contradição durante depoimento na Justiça do DF

Jaqueline Roriz, em foto de 2011, quando foi absolvida do processo de cassação - Brizza Cavalcante/Agência Câmara
Jaqueline Roriz, em foto de 2011, quando foi absolvida do processo de cassação Imagem: Brizza Cavalcante/Agência Câmara

Do UOL, em Brasília

16/10/2012 16h24Atualizada em 16/10/2012 16h25

A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) caiu em contradição ao ser questionada sobre a relação entre seu pai, Joaquim Roriz, e José Roberto Arruda – ambos ex-governadores do Distrito Federal. Ela prestou depoimento nesta terça-feira (16), em audiência no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em Brasília, em processo em que é ré.

Na audiência, representantes do Ministério Público perguntaram por que ela relutou em apoiar o governo Arruda e ela se contradisse, afirmando que Arruda e seu pai tinham "rixa" política. Disse que só aceitou apoiar o governo Arruda porque ele lhe ofereceu a Administração de Samambaia, para onde foi indicado José Naves, por deliberação do grupo político ao qual pertencia.

Segundo Jaqueline afirmou na audiência, o dinheiro recebido de Durval Barbosa teria apoio à sua campanha para a Câmara Distrital, e que na época, pertencia ao mesmo partido político do irmão de Durval, Milton Barbosa.

Durval Barbosa foi o delator do esquema Caixa de Pandora. No final de 2009, a Operação Caixa de Pandora revelou esquemas de pagamento de propina no Distrito Federal que ficaram conhecidos como “mensalão do DEM”. O episódio derrubou o governo de José Roberto Arruda e levou a abertura de inquérito para averiguação de práticas criminosas.

Durante o depoimento, que começou por volta das 14h50, Jaqueline evitou usar o termo "caixa dois". Disse não saber se o marido, Manoel da Costa Neto, recebeu rádios Nextel para utilização na campanha de 2006.

Jaqueline afirmou que sua vida política sempre foi independente da do pai, tanto que eram de partidos diferentes, ela do PSDB, ele do PMDB.

A deputada negou ter qualquer inimizade com Durval Barbosa ou Arruda. Na época em que se candidatou à Câmara Legislativa, disse que apoiou a então candidata Maria de Lourdes Abadia, de quem é amiga pessoal. Disse que só teve conhecimento da Operação Caixa de Pandora pela mídia, e nessa época já havia rompido com o governo Arruda.

O depoimento de Jaqueline Roriz terminou às 15h20. Neste processo, são réus José Roberto Arruda, Jaqueline Roriz, Manoel da Costa Neto e Durval Barbosa. Além deste processo, tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça) a ação Penal nº 707, também sobre a operação Caixa de Pandora.

Em 2011, por 265 votos contra, 166 a favor e 20 abstenções, a Câmara dos Deputados rejeitou o pedido de cassação de Jaqueline Roriz, apesar de pesarem contra ela as imagens de 2006 em que recebe dinheiro do pivô do recente escândalo do mensalão do DEM no Distrito Federal. Para a deputada ser cassada, eram necessários 257 votos a favor --a votação foi secreta.

A maioria dos parlamentares adotou a tese de que a colega somente poderia ser julgada por atos cometidos durante seu mandato na Casa, iniciado em fevereiro deste ano.