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FHC diz que ministro de Dilma faz críticas levianas e afirma que PF tinha independência no seu governo

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

03/12/2012 14h05

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou como "levianas" as críticas feitas pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que afirmou que os desdobramentos da operação Porto Seguro da Polícia Federal, investigação que revelou esquema de favorecimento de servidores públicos, só foram possíveis porque a PF e o Ministério Público gozam de independência desde o governo Lula.

FHC disse nesta segunda-feira (3), em evento tucano em Brasília, que, no seu governo, a PF “ganhou força e era independente, sim” e que Carvalho deveria parar de usar a posição de governo para falar leviandades. FHC voltou a dizer que Dilma herdou uma herança maldita, que "mais leva tempo para corrigir os malfeitos do que olhar para a frente”.

"Uma pessoa que tem posição de governo tem que pensar duas vezes antes de dizer o que não sabe. Devia olhar para os seus próprios problemas. A Polícia Federal ganhou força e era independente, sim [no seu governo]. Tanto era independente que, quando houve senadores da República algemados e houve governadora de Estado irritada porque seu gabinete havia sido invadido porque havia dinheiro que não se sabia de onde vinha. E isso não foi por interferência política nem minha nem de ninguém, mas foi como agora, por ordem do Judiciário e uma ação da Polícia Federal", disse.


Em 2002, a Polícia Federal encontrou indícios de participação do escritório Lunus em projetos fraudados da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), quando investigava o projeto Usimar, responsável pelo desvio de R$ 44 milhões da autarquia. Verbas que seriam para a Usimar, indústria de autopeças, podem ter ido parar na Lunus, da qual Roseana Sarney, então governadora do Maranhão pelo PFL, e Jorge Murad, seu marido, eram sócios.

"De modo que eu tenho 81 anos, mas tenho memória. Esse senhor [Carvalho] precisava ao menos respeitar o meu passado e até o dele, e não continuar dizendo coisas levianas. Eu estou cansado de ouvir leviandades de quem está no governo e que se aproveita a posição de governo para jogar pedra no passado. Herança maldita esta é aí recebida pela presidente Dilma, ela não gostou do que eu disse hoje, mas é verdade. É uma herança maldita que está dando trabalho para o governo atual. Mais leva tempo para corrigir os malfeitos do que olhar para a frente.”