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Candidato à presidência do Senado, Taques critica 'candidatura secreta' de Renan

Pedro Taques (PDT-MT) é candidato à presidência do Senado - Alexandra Martins - 9.out.2012/Agência Câmara
Pedro Taques (PDT-MT) é candidato à presidência do Senado Imagem: Alexandra Martins - 9.out.2012/Agência Câmara

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

29/01/2013 16h50

Candidato à presidência do Senado, Pedro Taques (PDT) disse que estuda lançar uma candidatura conjunta com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que também entrou na disputa, na tentativa de angariar mais apoio. Taques diz que decidiu concorrer para forçar um debate dentro da Casa. Para ele, “não é razoável ter apenas um candidato”, disse em entrevista ao UOL nesta terça-feira (29).

Até o momento, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é o favorito à vaga. Embora conte com o apoio do Planalto, a candidatura dele ainda não foi oficializada pelo partido, que deve discutir o tema nesta semana. A eleição para a sucessão de José Sarney (PMDB-AP) está marcada para sexta-feira (1º), na volta do recesso parlamentar. A votação é secreta e é preciso maioria dos votos (41) para ser eleito.

Em relação ao silêncio dos colegas sobre a volta de Renan ao cargo, pouco mais de cinco anos após a renúncia ao posto de presidente do Senado sob suspeita de corrupção, Taques afirma que Renan deve uma explicação. "Ele tem que prestar esclarecimento, sim. Ninguém está acima da lei."

Senador em primeiro mandato, Taques ficou em evidência durante a CPI do Cachoeira, da qual era integrante. Após oito meses de investigações acerca das relações do contraventor Carlos Cachoeira com empresários e políticos, porém, membros da comissão fecharam um acordo e decidiram rejeitar o relatório oficial de Odair Cunha (PT-MG). No relatório alternativo que acabou aprovado, de apenas duas páginas, apresentado pelo deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), não foi pedido o indiciamento de nenhum suspeito de participar do suposto esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal. Na época, Taques criticou a maneira como a CPI acabou e disse que "o que fica é o cheiro da pizza misturado com o cheiro podre da corrupção".

UOL - Por que decidiu se lançar candidato à presidência?

Pedro Taques - O debate fica muito pobre com um candidato só. Imagina: são 81 senadores, será que ninguém quer debater algo que seja interessante para o Legislativo? Quando eu fui candidato ao Senado, não fui ungido a senador, eu disputei voto com pessoas para que tivesse legitimidade. Isso faz parte do debate do Legislativo. Para mim, não é razoável ter apenas um candidato.

O senador Randolfe Rodrigues também entrou na disputa...
Acho que a candidatura do Randolfe tem legitimidade para isso.

Existe a possibilidade de uma candidatura conjunta?
Existe, sim. Vamos conversar sobre isso ainda essa semana. Isso vai ser debatido amanhã.

O sr. conta com o apoio de quem?
Existem alguns senadores que já me ligaram. Estamos conversando. Não vou dizer quais os senadores. São vários senadores de vários partidos. Temos reuniões desde o ano passado. Conversamos sobre essa chamada restauração do Legislativo. O interessante para mim é o debate. O número de votos é o menos importante. Temos que debater e isso para o Senado é muito bom.

O resultado, então, não é importante?
O resultado não é o mais importante. Quando eu disputei no Senado, eu queria ser senador da República, mas eu coloquei o meu nome para que a sociedade tivesse uma alternativa.

O fato de haver um único candidato dá a impressão existir um “acordo de cavalheiros”?
Sim, dá essa impressão aqui no Senado que se pode ungir um presidente do Senado. A minha ideia é debater estes temas que estão aí postos.

Quais são as suas principais propostas?
Debater, fazer uma melhor reflexão sobre as relações do Executivo e do Legislativo. Por que o Senado não pauta a agenda nacional na questão legislativa? Por que estamos sempre subordinados às medidas provisórias, que chegam aqui já com o prazo esgotando? Por que o Senado não debateu o pacto federativo, mesmo tendo em conta a decisão do STF? O processo legislativo é muito lento, e a sociedade hoje é muito rápida.

E em relação aos assuntos internos do Senado?
O Senado tem R$ 3,8 bilhões de Orçamento para 6.427 servidores, mais os terceirizados. Isso é bastante, isso é pouco? Eu quero fazer esse debate. Precisamos de uma universidade legislativa, precisamos de duas espécies de consultoria, uma legislativa e outra de orçamento? Temos que ver se ela é útil, se está dando resultado. Temos um regimento interno que é da década de 70. Esse regimento não foi adequado à constituição.

Como o sr. avalia o silêncio do Congresso em relação às denúncias contra o senador Renan Calheiros?
Eu acho que o senador Renan editou uma nota e ele deve explicar o que está ocorrendo. O Congresso está em silêncio em vários pontos, com a política, com a reforma do pacto federativo, o Congresso está omisso, acho que o Executivo e o Judiciário estão tomando conta.

O senador ainda não confirmou oficialmente a candidatura dele...
Candidatura “secreta” não é bom para a democracia, nem o Legislativo. Legislativo significa parlamento, que quer dizer parlar, falar, por isso que a nossa principal prerrogativa é a opinião, o voto.