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Ex-governador tucano, réu no mensalão mineiro, diz que STF foi "duro" com petistas e que houve "discrepância" nas penas

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

02/02/2013 16h30

Ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-governador de Minas Gerais, o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Executiva Nacional do partido em 2005, criticou as penas impostas no julgamento do mensalão e disse que o STF foi “duro” na condenação dos petistas.

As afirmações foram feitas em entrevista publicada no último número da revista “Encontro”, de Belo Horizonte, edição especial de janeiro, que circulou essa semana.

Para Azeredo, réu no processo do mensalão mineiro, acusado de caixa dois e compra de votos na campanha eleitoral de 1998, quando disputou a reeleição contra o ex-presidente Itamar Franco, e perdeu, houve uma “discrepância” nas penas impostas aos petistas pelo STF, na comparação com outras condenações.

“Foi um processo longo e exposto demais, e que chegou ao fim com uma posição, eu diria, até dura, em relação a alguns dos envolvidos”, disse o deputado.

“Em alguns casos, houve certa discrepância em relação a outros crimes. Se formos comparar, acho que vimos crimes por aí, como o caso daquela menina, Suzane Richthofen [condenada a 39 anos de prisão, em São Paulo, em 2006, pela morte dos pais], em que ela proporcionalmente teve uma pena menor do que alguns envolvidos no mensalão. Mas o fato é que o mensalão envolveu um crime grave: um poder [Executivo] comprando outro poder [Legislativo]. Foi isso que gerou punições tão duras”, afirmou Azeredo à publicação.

“Isso [mensalão mineiro] nunca aconteceu”

O ex-governador, além de julgar o nome indevido, voltou a negar qualquer envolvimento no processo do mensalão mineiro. “O nome é indevido. Mensalão foi o nome cunhado para o pagamento mensal a parlamentares em troca de apoio político no Congresso Nacional. Isso nunca aconteceu em Minas Gerais”, disse.

 

“Estava dedicado à minha campanha à reeleição. Numa campanha eleitoral, as funções são delegadas. Existem coordenadores de campanha. Não há nenhum documento que possa me incriminar. São processos totalmente diferentes. Há algumas pessoas que estão envolvidas nos dois casos porque são de Minas Gerais. Mas, quando se analisa a natureza dos eventos, vê-se que são totalmente diferentes”, afirmou.

“Problemas que possam ter ocorrido na campanha, se ocorreram, não são da minha responsabilidade direta."

“Vingança política”

O ex-governador disse acreditar, entretanto, que o julgamento do mensalão mineiro vai se transformar em uma “batalha política”, embora não seja interesse do PT fazer isso.

“Não creio que essa vingança interesse ao PT, até porque não foi o PSDB que fez o julgamento do mensalão. Quem fez o julgamento foram ministros do STF nomeados pelo próprio presidente Lula. Mas algumas alas do PT já têm usado a acusação como arma política. O próprio nome de mensalão mineiro, que é indevido, é reflexo disso. Isso pode virar uma batalha política, mas espero que prevaleça o bom senso."