Desembargadora que mandou prender 15 do governo do Acre é ameaçada de morte
A desembargadora Denise Bonfim, do TJ-AC (Tribunal de Justiça do Acre), disse ter recebido ligações anônimas nas quais presos teriam revelado que ela estaria marcada para morrer. A informação foi confirmada hoje (28) pela manhã pelo juiz Raimundo Nonato Maia, presidente da Amac (Associação dos Magistrados do Acre).
Denise Bonfim foi responsável pelo pedido de prisão de 15 pessoas, entre empresários, funcionários públicos e secretários de Estado, todos acusados de desviar recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) e de fraudar licitações para beneficiar sete empresas com o dinheiro de programas habitacionais em cinco cidades. Estima-se que o desfalque nos cofres públicos tenha sido superior a R$ 4 milhões.
“A desembargadora estaria recebendo ligações em seu telefone particular, não identificadas, nas quais o interlocutor teria afirmado que ela tivesse cuidado com a vida. E nesta manhã (28) foi comunicado que teria sido ouvido um comentário dentro da penitenciária no sentido de que ela [Denise Bonfim] deveria ser eliminada”, disse Maia.
“As ligações são feitas durante a madrugada e sempre de número restrito. Dizem frases como ‘cuidado com sua vida, você vai ser eliminada’. Há a informação de que alguém dentro da penitenciária havia dito que a desembargadora deveria ser eliminada. Isso vai ser investigado”, disse o juiz.
A Amac comunicou ao TJ e pediu intervenção do STJ (Superior Tribunal de Justiça), “no sentido da garantia da integridade física da magistrada”, disse Maia. “Nós hipotecamos total apoio à desembargadora, deixando bem claro que não é nenhuma ameaça que vai intimidar o Poder Judiciário do Acre e seus juízes”, afirmou.
A desembargadora informou que deu conhecimento das ameaças ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
“Tenho 20 anos de atuação de justiça criminal. Já combati o crime organizado no Acre, pistolagem, já apurei desvios de recursos em vários órgãos públicos e recebi várias ameaças de morte durante muito tempo. A última ligação que recebi com essas recentes ameaças foi há 15 dias. Continuo andando com cautela na companhia de seguranças armados”, disse a desembargadora ao UOL.
O presidente do TJ-AC, Roberto Barros, determinou a abertura de inquérito policial para investigar o caso e convocou a Comissão de Segurança do Tribunal para pensar estratégias de proteção à desembargadora supostamente ameaçada de morte.
Quadrilha
As 15 prisões pedidas por Denise Bonfim ocorreram há dezoito dias. O único que ganhou liberdade foi Thiago Paiva, sobrinho do senador Jorge Viana (PT-AC) e do governador, Tião Viana (PT). Paiva foi pego em interceptações telefônicas direcionando licitações superiores a R$ 2,6 milhões para empresas que faziam diagnósticos médicos. Ele foi indiciado por formação de quadrilha, formação de cartel e corrupção ativa e passiva e não pode deixar o Estado sem autorização da Justiça.
A Polícia Federal já indiciou 22 pessoas por formação de quadrilha, todos da operação G-7. No relatório da PF constam citações ao governador, referente uma conversa telefônica dele com um dos investigados. Thiago Paiva, sobrinho de Tião Viana e do senador Jorge Viana, foi indiciado, junto com mais dois secretários de governo.
“A Polícia Federal, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça estão a serviço de uma oposição que quer, a todo custo, tomar o poder a custa de mentiras”, disse o senador Anibal Diniz (PT-AC), em respostas as prisões durante evento do Partido dos Trabalhadores no último fim de semana.
Por meio de nota, nesta terça-feira (28), o senador Jorge Viana informou que "continua confiando que a justiça será feita pela Justiça". "A verdade prevalecerá", informou o senador, na nota.
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