Índios invadem sede estadual do PT em Curitiba em protesto contra declaração de Gleisi
Um grupo de 30 índios da tribo caingangue ocupou nesta segunda-feira (3) a sede estadual do PT no Paraná, em Curitiba, para protestar contra declarações da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a respeito da demarcação de terras indígenas.
No início do mês, Gleisi, pré-candidata do PT ao governo paranaense em 2014, disse que a Funai não tem “critérios claros” e suspendeu processos de demarcação de terras até que outros órgãos possam “intervir nos estudos e qualificá-los”.
“A declaração da ministra incentiva o conflito, leva agricultores e líderes políticos locais a nos confrontarem”, disse o líder da ocupação, cacique Romancil Cretã.
A ocupação começou por volta das 8h e foi suspensa por volta das 15h30, quando o grupo obteve a confirmação de uma audiência com Gleisi e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Atingimos nosso objetivo. Eles vão nos receber no próximo dia 11”, informou o cacique.
Apesar disso, os indígenas não descartam novas manifestações. “Nos últimos 15 anos, a questão fundiária não avançou nada. A única terra indígena que saiu foi Raposa Serra do Sol, mas toda retalhada. Como todos os movimentos sociais, esperávamos mais (do governo PT)”, afirmou Cretã.
Os índios que ocuparam a sede do PT vivem na terra indígena de Mangueirinha, no sudoeste do Paraná. Segundo o líder do grupo, eles lutam pela demarcação de 11 terras indígenas, agora suspensas por determinação da Casa Civil.
“Apenas no Paraná, temos quase 3 mil índios acampados apenas na beira de rodovias [aguardando pelas terras], a maioria crianças.” Na sede estadual do PT, numa faixa pendurada pelos índios lia-se que “Gleisi discursa favorável (sic) ao agronegócio, e contra os povos indígenas”.
Cretã identifica nos grandes produtores agrícolas os grandes rivais da demarcação de terras para seu povo. “Mesmo em Mangueirinha, nossa terra tem diminuído, comido pelo agronegócio. É preciso haver uma revisão do marco legal”, falou.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a Casa Civil informou, por volta das 15h30, que os índios “seriam atendidos” por Gleisi e Cardozo. A assessoria disse, porém, que não havia data marcada.
Em nota oficial, o PT paranaense informou estar “aberto ao diálogo com o cacique Romancil Cretã, líder do grupo, e os demais indígenas” e que “articulou junto ao Ministério da Justiça e a Casa Civil a realização de uma audiência para que o grupo apresente suas reivindicações ao governo federal”.
Não houve atendimento ao público na sede do partido em Curitiba nesta segunda-feira.
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