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A um dia de prazo de filiação, Marina diz que ainda não decidiu futuro

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

04/10/2013 17h40Atualizada em 04/10/2013 18h19

Um dia após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter negado o registro do seu partido, a ex-senadora Marina Silva, segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2014, declarou nesta sexta-feira (4) que ainda está "no processo de decisão" sobre seu futuro. O prazo final para os políticos que queiram se candidatar em 2014 se filiarem ou trocarem de partido vence à meia noite neste sábado (5), um ano antes do pleito.

Legendas como o PPS e o PTB chegaram a colocar as respectivas siglas à disposição dela para que concorresse ao Planalto no ano que vem.

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"Ainda estou no processo de decisão", declarou a ex-ministra em entrevista coletiva em Brasília. Uma das jornalistas chegou a dizer "fala sério", ao que a ex-senadora respondeu: "exatamente porque é sério é que eu ainda tenho uma longa noite e um dia. Estou num processo decisório."

As opções atuais da ex-ministra do Meio Ambiente são se filiar a outro partido, como o PEN, o PPS e o PTB, que já ofereceram abrigo a Marina, ou deixar de concorrer em 2014.

"Houve primeiro uma conversa com os militantes e dirigentes. Durante o dia houve uma série de conversas para que tenhamos um posicionamento compatível e inteiramente coerente", disse Marina.

A ex-ministra voltou a dizer que a Rede já é um partido. "A Rede já é um partido porque tem representação, tem programa e ética, coerência entre aquilo que diz e o que faz." A entrevista coletiva da ex-senadora ocorreu em um espaço cedido pela CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio), em Brasília.

Marina disse ainda que os apoiadores da Rede estão divididos sobre que caminho tomar. "Neste momento, se olharmos para os apoiadores da Rede, tem uma parte que pensa de uma maneira e outra parte que pensa de outra maneira", afirmou, referindo-se à decisão de concorrer à Presidência em 2014 por outro partido ou se desiste da disputa eleitoral. "Existem pensamentos diferentes e o que eu quero é ter uma decisão coerente com o legado da Rede."

A política disse ainda que vive um "desafio pessoal". "Sabemos que a verdade não está com nenhum de nós, mas está entre nós. E é com essa convicção de que está entre nós que temos que ter responsabilidade. Eu vivo um grande desafio pessoal."

Segundo a ex-senadora, a decisão sobre se filiar ou não a outro partido é complexa, assim como outras que ela tomou na vida. "Eu já me deparei com decisões muito complexas na minha vida: a primeira foi quando perdi a minha mãe, a segunda foi quando saí do Partido dos Trabalhadores e a terceira é esta que estou vivendo."

Marina disse que tem um projeto político "para aposentar de vez a velha República". "Eu penso em tomar a decisão que seja a melhor contribuição para a renovação da política das instituições."

A ex-senadora varou a madrugada reunida em Brasília com militantes envolvidos na criação da Rede e durante o dia de hoje também manteve reuniões e teleconferências para decidir o que fazer.

O clima chegou a ficar tenso em alguns momentos, como quando ela se desentendeu com o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), um dos seus principais aliados. No seu blog, o deputado escreveu que Marina tem "limitações como todos" e "reage mal a críticas e opiniões fortes discordantes". Ele chegou a dizer que a ex-ministra do Meio Ambiente tem "características de líderes populistas".

Marina Silva, do PT à Rede

Nas pesquisas de opinião, Marina tem aparecido como a segunda colocada na disputa pela Presidência, atrás apenas da presidente Dilma Rousseff (PT). Na última pesquisa Ibope, divulgada na semana passada, Dilma tinha 38% das intenções de voto na corrida presidencial, e Marina Silva aparecia em segundo lugar, com 16% das intenções.

No primeiro turno das eleições de 2010, quando se candidatou pelo PV, Marina terminou a disputa em terceiro lugar, com 19,6 milhões de votos, ficando atrás apenas de Dilma e José Serra (PSDB).

Na noite desta quinta, o TSE negou, por 6 votos a 1, o pedido de criação do partido por falta do número mínimo de assinaturas de apoio. Das 492 mil assinaturas exigidas para autorizar a criação de uma sigla, ou o equivalente a 0,5% dos votos recebidos pelos deputados federais nas últimas eleições, a Rede conseguiu entregar apenas 442 mil válidas.

Durante a coletiva, a ex-ministra criticou os cartórios, que, segundo ela, "não têm parâmetros" e atrasaram os prazos.

O partido ainda poderá apresentar as assinaturas pendentes para obter o registro posteriormente.

Partido de Marina teve criação barrada pelo TSE
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Após Marina adiar decisão, jornalista diz: "fala sério!"