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Análise de recursos que reabrem mensalão deve demorar de três a quatro meses, diz Barbosa

Janaina Garcia

Do UOL, no Rio

14/10/2013 13h22

O ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta segunda-feira (14) que a Corte deve demorar de três a quatro meses para analisar os embargos infringentes concedidos a 12 réus condenados no julgamento do mensalão.

Têm direito aos embargos infringentes os réus condenados em placar apertado, com no mínimo 4 votos favoráveis. Estão nessa situação 12 dos 25 condenados no julgamento.

A estimativa apontada por Barbosa foi uma resposta a um cálculo feito com base em dados do projeto "Supremo em Números" e divulgado nesta segunda na Folha de S. Paulo. De acordo com as estatísticas, o Supremo demoraria 615 dias para julgar os recursos.

O prazo de 615 dias representa a média de tempo decorrido entre o julgamento de um processo e a avaliação dos 77 embargos infringentes julgados até junho pelo Supremo Tribunal Federal.

"O quê? 615 dias? Não acredito nisso", disse Barbosa, aparentando surpresa. Em seguida, o ministro afirmou que a análise não deve passar de três a quatro meses.

Joaquim Barbosa foi um dos palestrantes do dia no congresso promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), no Rio de Janeiro.

Avaliação do mensalão na mídia

Participantes da plateia quiseram saber do ministro qual a avaliação dele sobre o julgamento do mensalão na mídia – no qual ficaram expostos, por exemplo, duros embates verbais entre ele e o ministro Ricardo Lewandowski. 

“A cobertura me pareceu boa, mas sinto falto de um pouco mais de especialização do jornalista; mais perspicácia e astúcia em descobrir um grande espaço na entrelinha mais anódina [sem importância]”.

Para Barbosa, “há centenas de materiais riquíssimos” em outros casos em tramitação no Judiciário, que não apenas no plenário do Supremo.

Relação com a imprensa

A relação de Barbosa com a imprensa também foi alvo de perguntas. Recentemente, após um embate verbal com um repórter do jornal O Estado de S. Paulo, o ministro pediu a Lewandowski que afastasse do posto uma funcionária em comissão lotada no gabinete do colega. O motivo: a comissionada é mulher do repórter, o qual cobre o dia-a-dia do STF.

“Eu brinco muito com os repórteres. Costumo dizer a eles que ‘o brinquedinho de vocês está acabando’”, afirmou, referindo-se ao julgamento do mensalão. “Mas sempre achei incômoda essa situação [da comissionada do ministro] no Tribunal”. Barbosa, que deu o caso por encerrado após negativa de Lewandowski de demitir a funcionária, disse: “cargo em comissão é um favor, vamos ser claros. E ali me parece um conflito insuperável”.

“Como [um repórter poderia] questionar um ministro se ele [ministro] deu emprego a sua mulher? Ano que vem teremos um presidente do STF com a mulher de um repórter em seu gabinete – tenho certeza que nos EUA isso seria inimaginável”.

De acordo com o presidente do Supremo, cada ministro tem hoje até seis comissionados no gabinete. Ao fim da palestra, indagado pela reportagem a quem ele fazia favor com a contratação de seus comissionados, concluiu: “eu tenho cargos em comissão, mas não boto parentes nele”.