Donald Trump impõe ao império a missão de civilizar a si mesmo
O New York Times realizou uma excursão por cinco dezenas de canais mantidos por fanáticos de Donald Trump no Telegram. O jornal esbarrou num amplo e coordenado movimento para questionar a confiabilidade do sistema eleitoral dos Estados Unidos, contestar uma eventual vitória de Kamala Harris e insuflar ações violentas nas ruas.
A desinformação e as teorias conspiratórias são características comuns aos grupos pró-Trump. Mas eles exageram. Os perfis visitados pelo Times foram criados depois da eleição americana de 2020. Derrotado por Joe Biden, Trump sustenta até hoje que foi roubado. Agora, seus devotos fabricam uma fraude antes do anúncio do resultado. E já esboçam a reação.
"Está se aproximando rapidamente o dia em que não será mais possível ficar em cima do muro", anota uma postagem. "Homens livres não obedecem a funcionários públicos", diz outra mensagem, ilustrada com a imagem de um homem armado, com o rosto encoberto por uma balaclava. "Estejam prontos para tudo e qualquer coisa", instiga um terceiro post. Esse tipo de pregação deu na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Noutros tempos, os Estados Unidos encontravam fora de suas fronteiras os tiranos fanáticos que justificavam as missões de Washington para civilizar raças inferiores ao redor do mundo. Trump subverteu a hipocrisia. Impôs ao império a missão de civilizar a si mesmo.
Os americanos talvez não precisem mais enviar soldados aos fundões do planeta para encontrar seus vilões. Dependendo do resultado da eleição, o monstro primitivo pode voltar a dar expediente na Casa Branca.
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