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PP rejeita declarações de deputado contra gays, índios e quilombolas

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

13/02/2014 10h48Atualizada em 13/02/2014 10h48

O PP (Partido Progressista) no Rio Grande do Sul emitiu uma nota na qual manifesta sua posição sobre um vídeo em que o deputado federal Luiz Carlos Heinze (RS), ao fazer críticas ao governo de Dilma Rousseff, afirma que "quilombolas, índios, gays e lésbicas" são "tudo que não presta".

As imagens ganharam repercussão nas redes sociais na quarta-feira (13), mas foram gravadas no fim de novembro do ano passado, na cidade gaúcha de Vicente Dutra.  

A nota, assinada pelo presidente estadual da sigla, Celso Bernardi, destaca que o conteúdo da fala de Heinze se trata apenas de uma opinião do deputado.

"O partido não compartilha de forma nenhuma com qualquer manifestação preconceituosa ou que incite a violência contra qualquer grupo."

Na época, o parlamentar declarou, em audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, que governo federal, por meio do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, está a serviço dos grupos que foram alvos das ofensas.

"Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma. É ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta. É eles que têm a direção e o comando do governo."

No comunicado feito pelo partido, Bernardi reafirma que "o PP não tem qualquer compromisso com o erro ou manifestação infeliz que por certo ocorre também com integrantes de outros partidos".

E prossegue: "Por essa razão, o PP-RS manifesta, nesta nota, a sua posição e reafirma o seu compromisso na defesa de uma sociedade justa e plural".

Heinze é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e seu partido, o PP, integra a base de sustentação do governo federal. O deputado federal Alceu Moreira (PMDB-RS) também discursou na mesma audiência pública.

A exemplo de Heinze, Moreira fez acusações a Gilberto Carvalho e também a Paulo Maldos, secretário de Articulação Social da Secretaria Geral da Presidência, além de criticar o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), entidade ligada à Igreja Católica que defende os direitos de povos indígenas.

"O chefe dessa vigarice orquestrada tá na antessala da Presidência da República. E o nome dele é Gilberto Carvalho, é ministro. Ele e seu Paulo Maldos estão por trás dessa baderna, dessa vigarice. Está o Cimi, que é uma organização cristã, que de cristã não tem nada, que está a serviço da inteligência americana e europeia para impedir a expansão das fronteiras agrícolas do Brasil", afirmou o deputado.

Em seguida, Alceu Moreira convoca os produtores rurais a se defenderem. "Nós, os parlamentares, não vamos incitar a guerra, mas vos digo: se fardem de guerreiros e não deixe um vigarista desse dar um passo em sua propriedade. Nenhum."

Heinze reforça as palavras do colega e sugere aos produtores que sigam o exemplo de fazendeiros do Pará e do Mato Grosso do Sul que contrataram segurança privada.

"Eles tão se defendendo. Se é isso que o governo quer, é o que temos que fazer. Resolvemos os sem-terra lá em 2000 e vamos resolver os índios agora não interessa o tempo que seja."

A reportagem entrou em contato com o diretório estadual do PP, que disse que descarta qualquer tipo de repreensão ao parlamentar, ficando sua manifestação representada apenas pela nota. O UOL também enviou um email à Secretaria-Geral da Presidência,mas ainda aguarda um posicionamento. Já o deputado Alceu Moreira não foi encontrado.