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Dez golpes que deixam Dilma na defensiva e "nas cordas" no 2º mandato

Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Do UOL, em São Paulo

11/02/2015 15h02

Se a disputa política em Brasília pudesse ser comparada a uma luta de boxe, a presidente Dilma Rousseff (PT) estaria nas cordas, recebendo golpes na linha da cintura e, aparentemente, sem esboçar reação. E detalhe: o duelo está apenas no primeiro round. Dilma assumiu o segundo o mandato há pouco mais de um mês.

Veja a sequência de golpes que parece ter abalado o governo:

1. A (interminável) crise na Petrobras

Além da operação Lava Jato, que investiga superfaturamentos em obras e pagamentos de propinas para funcionários da estatal, a presidente foi obrigada a trocar o comando da Petrobras. Graça Foster não resistiu à pressão e deu lugar a Aldemir Bendine. Para piorar, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou oficialmente a criação de uma nova CPI para apurar irregularidades cometidas na estatal. A comissão deve começar a funcionar depois do Carnaval.

2. Derrotas no Congresso

O Palácio do Planalto apostou na candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pela presidência da Câmara. Eduardo Cunha venceu e, desde que assumiu o posto, tem promovido uma séria de ações que culminaram em derrotas do governo.

3. Queda de popularidade

Pesquisa Datafolha publicada no último domingo mostra que a popularidade da presidente despencou. Em dezembro passado, Dilma tinha 42% de ótimo/bom e 24% de ruim/péssimo. Agora, marca respectivamente 23% e 44%. São as piores marcas de seu governo e a mais baixa avaliação de um presidente da República desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em dezembro de 1999 (46% de ruim/péssimo). 

4. Impeachment

Mais um ato pedindo o impeachment da presidente está sendo organizado nas redes sociais. A oposição diz que o tema não está na pauta, mas parlamentares discutem o assunto em debates no Congresso. Um advogado ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) encomendou um parecer jurídico sobre a possibilidade de Dilma sofrer um processo.

5. Ajuste fiscal ameaçado

Deputados e senadores apresentaram ao menos 620 sugestões de mudanças nas duas medidas provisórias que compõem o pacote. As mudanças atingem pontos centrais das medidas, que mudam regras para concessão do seguro-desemprego, do abono salarial, da pensão por morte e do seguro-defeso para pescadores artesanais.

6. Convocação de ministros

O plenário da Câmara aprovou um convite em bloco para que cada um dos 39 ministros de Dilma compareça ao Congresso para prestar esclarecimentos aos deputados. Idealizada por Cunha, a medida tem o objetivo de levar um ministro ao plenário da Câmara a cada quinta-feira. O peemedebista já deixou claro que caso haja recusa ao convite, a Câmara pode aprovar a convocação do ministro, o que torna a presença obrigatória.

7. Verbas para parlamentares

A Câmara aprovou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento Impositivo, que obriga o governo a pagar as emendas parlamentares individuais. Em tempos de cortes de gastos, a proposta ainda prevê um aumento gradual do percentual da receita da União a ser destinado à saúde. Pelas regras atuais, a lei orçamentária apenas indica o valor a ser pago pelo governo, sem impor o pagamento.

8. Oposição comanda reforma política

Depois de ficar de fora da Mesa Diretora da Câmara e do comando das principais comissões da Casa, o PT também não terá papel de destaque na comissão de reforma política instalada na Câmara. Em acordo com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi eleito para o comando da comissão o deputado Rodrigo Maia (RJ), ex-líder do DEM na Câmara e ferrenho opositor das gestões do PT no governo federal.

9. Regulação da mídia e aborto

"Aborto e regulação da mídia só serão votados passando por cima do meu cadáver", disse Eduardo Cunha. O projeto de regulação da mídia é do interesse do Palácio do Planalto e do PT

10. PEC da Bengala

O Congresso se prepara para votar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que aumenta a idade-limite de aposentadoria dos magistrados de 70 para 75 anos -- é a chamada PEC da Bengala. Caso o texto seja aprovado, Dilma perderá o direito de indicar cinco ministros para o STF (Supremo Tribunal Federal) até o final de seu mandato.