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Dilma não vai falar no 1º de Maio porque não tem o que dizer, afirma Renan

Dilma ao lado de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Michel Temer (PMDB-SP) durante sua posse em janeiro - Sérgio Lima/Folhapress
Dilma ao lado de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Michel Temer (PMDB-SP) durante sua posse em janeiro Imagem: Sérgio Lima/Folhapress

Do UOL, em Brasília

30/04/2015 13h55

Na véspera do Dia do Trabalho, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a criticar a presidente Dilma Rousseff (PT). "Não há nada pior do que a paralisia, do que a falta de iniciativa, do que o vazio. Nós fizemos a democracia para deixar as panelas falarem. As panelas precisam se manifestar. Nós precisamos todos ouvir o que as panelas dizem. Certamente a presidente Dilma não vai falar no dia 1º de Maio por que não tem o que dizer. Por isso eu estou proponho um pacto em defesa do emprego", afirmou Renan, em referência ao panelaço que ocorreu em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, durante o pronunciamento em rádio e TV da presidente.

O discurso do presidente do Senado teve críticas pesadas a Dilma. Ele classificou de "retrocesso" e "coisa ridícula" o governo não ter o que dizer no Dia do Trabalho. A presidente Dilma Rousseff (PT) não fará pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV em 1º de Maio pela primeira vez desde 2011. Conforme o governo, ela se manifestará por meio das redes sociais.

"Essa coisa de a presidente da República não poder falar no dia 1º de Maio por não ter o que dizer é ridícula. Isso enfraquece muito o governo", criticou.

Desde que perdeu a indicação do ministério do Turismo -- seu aliado, Vinícius Lages, foi substituído por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Renan vem subindo o tom das críticas ao governo Dilma.

Nesta semana, em encontro com sindicalistas, chegou a dizer que o governo petista é "adolescente".

Propostas

Renan, em entrevista coletiva, propôs um pacto nacional pela defesa do emprego. Segundo ele, uma das propostas é a recomendação para o governo priorize, em suas compras, empresas que criem novas vagas. O presidente do Senado também quer conceder desoneração da folha para essas companhias e sugeriu aumentar o crédito da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) para as empresas que não fecharem postos de trabalho.

A ideia, segundo Renan Calheiros, é envolver todos os setores da sociedade em prol do país. "Passaríamos a discutir uma agenda. O governo não tem agenda, não tem iniciativa", alfinetou.

As propostas serão detalhadas durante sessão temática destinada a debater a crise e as perspectivas de longo prazo para o Brasil, que será realizada na próxima semana.

Requerida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), a sessão deverá contar com a participação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy; dos economistas Carlos Lessa e Marco Henrique Monteiro de Castro; do economista Armínio Fraga, entre outras personalidades.

"Qualquer proposta nessa direção que possa entrar no pacto da defesa do emprego será muito bem recebida", disse Renan Calheiros.

Renan Calheiros também voltou a criticar o projeto de regulamentação da terceirização das atividades principais das empresas. Segundo ele, é necessário tirar os trabalhadores da insegurança jurídica, mas não "liberar geral". Para Calheiros, autorizar a terceirização das atividades-fim precariza o trabalho.

O presidente do Senado insistiu ainda que o atual ajuste fiscal promovido pelo governo afeta apenas o bolso do trabalhador.

"Nós que defendemos meta de inflação, meta de superavit, nós temos que defender uma meta para o emprego. Se não, quem vai pagar a conta do ajuste é o trabalhador", disse.

O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), elogiou a iniciativa de Renan, mas revelou que o governo já trabalha na elaboração de propostas que garantam a manutenção do emprego e está de olho em medidas bem sucedidas tomadas por países europeus.

"Isso está sendo trabalhado. O governo está tomando as medidas necessárias, inclusive considerando a experiência de outros países", disse Delcídio. (Com informações da Agência Senado)