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Polícia diz que vice assumiu ter mandado matar prefeito em MG; defesa nega

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

27/05/2015 16h59

O vice-prefeito da cidade de Ibiracatu (a 574 km de Belo Horizonte) confessou ter sido o mandante de tentativa de assassinato do atual prefeito do município, Joel Ferreira de Lima (PT), segundo informação repassada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil de Minas Gerais.

José Neto Soares Coutinho, também do Partido dos Trabalhadores, teria acordado uma deleção premiada com as autoridades, e a motivação para o crime teria sido política. Atualmente, ele responde ao processo em liberdade.

Lima foi vítima de disparos de arma de fogo durante um evento religioso realizado no dia 18 do mês passado, na zona rural da cidade. O petista sobreviveu, mas perdeu a visão do olho esquerdo.

Segundo a assessoria, o vice-prefeito foi acusado de ter pagado R$ 20 mil a um intermediário que negociou o trabalho de execução. A polícia informou que esse homem está preso, mas não teve o nome divulgado sob o argumento de não atrapalhar as investigações. O atirador está sendo procurado pelos investigadores. 

O advogado Antônio Adenilson Rodrigues Veloso, que defende o vice-prefeito, afirmou ao UOL ter entrado, nesta quarta-feira (27), com pedido de anulação da delação premiada no TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais).

Conforme o advogado, seu cliente teria sido coagido a assinar a delação premiada e nega ter sido o mandante do crime. “Tudo o que se fala, precisa de prova. Tanto eles não têm provas, que precisaram de um método espúrio para arrancar uma confissão. Se eles tivessem prova, não precisariam de uma delação premiada”, afirmou. “Ele (Coutinho) foi vítima de um terrorismo de Estado. Eles não têm prova da autoria de mando que teria sido feita por meu cliente e o coagiram a assinar essa delação premiada.”

Veloso afirmou que Coutinho tem direitos fundamentais assegurados pela Constituição que, no caso, foram supostamente desrespeitados. “Ele abriu mão de garantias constitucionais ao assinar esse documento. Foi um verdadeiro terrorismo de Estado e não tem coisa mais absurda que essa. Ele nega as acusações”, disse. “Eu assumi a defesa dele há cinco dias e vou conseguir cassar essa delação.”

Em relação à suposta motivação do crime, o advogado disse desconhecer o acordo.

O Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais informou que a sigla não irá se pronunciar sobre o caso neste momento.

Motivação

O delegado Raimundo Nonato, em entrevista a uma emissora local, afirmou que a motivação para o crime teria sido a quebra de um suposto arranjo político pelo atual mandatário e o seu vice.

Haveria um acordo no qual Coutinho seria o nome a ser lançado para a disputa da próxima eleição majoritária na cidade, com respaldo do grupo político do atual prefeito, mas outro nome teria sido escolhido para a disputa. Esse desacordo teria feito com que o acusado planejasse a morte de Lima.