Brasil chegou ao "fundo do poço da representação", diz Cid Gomes
Quatro meses após causar polêmica em discurso na Câmara dos Deputados, o ex-ministro da Educação Cid Gomes (Pros) voltou a atacar o Congresso, em entrevista no último sábado (15). Após celebração de aniversário de 40 anos do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros), Gomes disse que a representação legislativa do Brasil chegou ao "fundo do poço".
“Acho que a gente vive o pior momento da política brasileira no que se concerne ao Legislativo federal. Na Câmara se chegou a um nível que vai demandar muitas reflexões para o futuro. É o fundo do poço da representação brasileira”, afirmou.
Segundo ele, “o parlamento deve ser um lugar nobre”, e não de interesses individuais, como ocorre atualmente.
“Deve ser um lugar onde, de fato, o interesse da população e as preocupações do povo estejam representados, e não interesses pessoas, de grupos, de partidos que pensam em tudo, menos no povo”, disse.
O UOL tentou contato com a assessoria de imprensa de Gomes nesta terça-feira (18), mas não conseguiu retorno.
Em março, durante audiência na Câmara, o então ministro causou mal-estar ao dizer, no plenário da casa, que preferiria “ser acusado por ele de mal-educado do que ser acusado como ele de achaque", apontando para a Mesa Diretora, onde estava o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Logo após a fala, Cunha encerrou o tempo concedido a ele, e o episódio gerou a saída de Gomes do ministério. Depois, houve um pedido de desculpas. “Me perdoem. Não tenho nenhum problema em pedir perdão para os que não agem desta forma. Aos que não se comportam deste jeito, me desculpem, não foi minha intenção ofender ninguém individualmente", disse à época.
"Não ao achaque"
Durante a entrevista em Fortaleza, Cid Gomes voltou a usar o termo “achaque” que causou polêmica há quatro meses. “O povo precisa pressionar o Congresso para que lá seja um espaço de discussão do real interesse da população, não espaço de chantagem, de achaque; não espaço para garantir e assegurar privilégio para eles, que são os privilegiados do Brasil”, afirmou.
Gomes também disse que os protestos de domingo fazem parte do “amadurecimento da democracia” e se juntou ao coro de críticas à presidente Dilma, mas rechaçou a ideia de impeachment.
“A presidente Dilma está vivendo um momento de muita dificuldade, é a pior avaliação do governo. Agora começa outro movimento, e a gente não pode permitir que, nessas oportunidades, apareçam aventureiros, golpistas, que em última análise queiram desfazer valores da democracia. É direito do povo brasileiro reclamar, exigir correção de rumos, e estarei militando ao lado daqueles que respeitam o mandato. Agora vamos cobrar dela que resgate e faça do seu governo um governo para servir à população mais pobres, como foi a marca nos últimos anos”, declarou.
Nessa segunda-feira, a cúpula do Pros no Ceará se reuniu para discutir o cenário político e declarar apoio à candidatura à Presidência do irmão de Cid, Ciro Gomes, em 2018. "É o homem mais preparado do Brasil para o cargo", apoiou Cid.
A correlegionários, Cid e Ciro teriam confirmado, nesta terça-feira, que vão se filiar ao PDT nos próximos dias. Nessa segunda, o presidente de legenda, Carlos Lupi, também havia antecipado a filiação dos irmãos Gomes, com vistas às eleições de 2018. (Com informações do Estadão Conteúdo)
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