Ministro Cardozo diz que Delcídio mentiu por vingança
As afirmações do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) na delação premiada à Justiça têm clara motivação de vingança. A afirmação é do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (3). Cardozo assumiu a Advocacia Geral da União (AGU).
Cardozo saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmando que nem ele nem a presidente tiveram qualquer influência na condução das investigações da Operação Lava Jato. "É um absurdo imaginar que eu ou a presidente pudéssemos ter qualquer influência nas decisões da Suprema Corte ou que os arriscássemos a interferir em qualquer investigação. Será que alguém acha que tentaríamos fazer isso?"
Na manhã desta quinta-feira, a revista "IstoÉ" publicou reportagem em que revela trechos de delação premiada do senador Delcídio Amaral, que foi preso preventivamente por tentar obstruir investigações da operação. A delação ainda precisa ser homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a revista, Delcídio teria dito em delação premiada que a presidente Dilma Rousseff tentou atuar ao menos três vezes para interferir na Operação Lava Jato por meio do Judiciário.
Durante a tarde, Delcídio Amaral divulgou uma nota nesta quinta-feira (3) na qual não confirma o conteúdo da reportagem da revista "IstoÉ" segundo a qual ele teria feito um acordo de delação premiada e citado a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT.
'Sem credibilidade'
Na delação, Delcídio teria citado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e detalhado os bastidores da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras.
Cardozo disse que Delcídio está “inconformado” supostamente pelo fato de o governo não ter agido para tirá-lo da prisão (ele ficou 87 dias detido, dentro das investigações da Lava Jato. “É vingança”, disse nesta tarde, em pronunciamento.
Ele também questionou se o senador petista seria uma boa fonte sobre as acusações investigadas na Lava Jato. "Ele não tem credibilidade. Não será o cumprimento de uma vingança espúria, já que ele poderia ter condicionado a delação à omissão das informações até que pudesse ficar livre de uma eventual cassação? Se alguém quer dar credibilidade a isso, que dê. Delcídio parece querer dividir o ônus do que fez com os outros.”
'Delação não é sentença'
O ex-ministro da Justiça minimizou também o impacto das delações premiadas. "A delação é um ponto de partida e não um ponto de chegada, não é conclusão de inquérito; Não pode ter peso de sentença. A delação de Delcídio não para em pé porque nós (do governo) sabemos o que aconteceu.”
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