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PF mira a Odebrecht na 26ª fase da Lava Jato e desdobra a operação Acarajé

Polícia Federal deixa hotel em Brasília onde ocorreu parte da operação Xepa - Marcio Neves/Folhapress
Polícia Federal deixa hotel em Brasília onde ocorreu parte da operação Xepa Imagem: Marcio Neves/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

22/03/2016 07h31

A Polícia Federal começou, na manhã desta terça-feira (22), a 26ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Operação Xepa e que teve como alvo principal a empreiteira Odebrecht. A ação foi realizada em 8 Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Piauí, Pernambuco e Minas Gerais) e no Distrito Federal.

Segundo informações oficiais, cerca de 380 policiais federais cumpriram 110 ordens judiciais nos 8 Estados e também em Brasília. Um dos locais visitados foi o hotel Golden Tulip, onde moram vários políticos. O local fica próximo ao Palácio da Alvorada. No total, foram cumpridos 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e quatro mandados de prisão preventiva.

Segundo a colunista da "Folha de S.Paulo" e da BandnewsFM Monica Bergamo, o alvo principal foi um executivo da empreiteira Odebrecht, Hilberto Mascarenhas. Na Operação Acarajé, a secretária dele, Maria Lúcia Tavares, recebia ordens para operacionalizar o esquema.

Ainda segundo a PF, graças ao material apreendido da 23ª fase, "descortinou-se um esquema de contabilidade paralela no âmbito do Grupo Odebrecht destinado ao pagamento de vantagens indevidas a terceiros, vários deles com vínculos diretos ou indiretos com o poder público em todas as esferas".

A Polícia Federal ainda complementou em nota: "O material indicou a realização de entregas de recursos em espécie a terceiros indicados por altos executivos do Grupo Odebrecht nas mais variadas áreas de atuação do conglomerado empresarial. Há indícios concretos de que o Grupo Odebrecht se utilizou de operadores financeiros ligados ao mercado paralelo de câmbio para a disponibilização de tais recursos."

Os investigados responderão pelos crimes de evasão de divisas, organização criminosa, corrupção e lavagem de ativos. Os que foram conduzidos coercitivamente serão ouvidos em suas respectivas cidades. Os presos serão levados para Curitiba.

A operação chamada Xepa é um desdobramento da 23ª fase da Lava Jato, chamada Acarajé, que resultou na prisão do marqueteiro do PT João Santana por suspeita de receber pagamentos ilegais da Odebrecht no exterior.

A nova fase acontece apenas um dia após a 25ª, quando foi preso preventivamente, em Lisboa, Raul Schmidt Felippe Junior.

Segundo a Procuradoria, Felippe Junior é investigado pelo pagamento de propinas aos ex-diretores da estatal petrolífera Renato de Souza Duque (Serviços), Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos da área Internacional). Os três estão presos em Curitiba, base da Lava Jato, pela participação no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa instalado na Petrobras.

Em nota, o Ministério Público Federal informou que Felippe Junior estava foragido desde julho de 2015, quando foi expedida a ordem de prisão. Seu nome havia sido incluído no alerta de difusão da Interpol em outubro do ano passado.

Prisão de marqueteiro

Na 23ª fase da operação, a Justiça Federal do Paraná decretou a prisão do marqueteiro João Santana e de sua mulher. O inquérito investiga supostos pagamentos de R$ 7 milhões ao marqueteiro pela Odebrecht em paraísos fiscais.

A investigação de Santana na Lava Jato tem um de seus focos em valores recebidos por Santana em 2014, quando ele fez as campanhas de Dilma, no Brasil, e de José Domingo Arias, derrotado no Panamá -- país onde a Odebrecht tem forte atuação. O nome da operação, "Acarajé", refere-se à maneira como os investigados apelidavam dinheiro em espécie. A operação cumpre 51 mandados judiciais, sendo dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva. 

Nessa operação, realizada dia 22 de fevereiro, a PF apreendeu uma série de bens de suspeitos de crimes de corrupção em negócios com a Petrobras.

Da lista dos bens recolhidos nesta segunda também fazem parte obras de arte, entre elas, telas dos brasileiros Calasans Neto e Romanelli.

Veja outros bens apreendidos no dia 22 de fevereiro:

23ª fase da Lava Jato incluiu a apreensão de bens dos suspeitos de corrupção - Divulgação/Polícia Federal - Divulgação/Polícia Federal
Operação aprendeu lancha pertencente a empresário
Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava Jato, incluiu a apreensão de veículos de luxo, lancha e de obras de arte - Divulgação/Polícia Federal - Divulgação/Polícia Federal
Entre as apreensões, obras de arte, como a tela do artista Romanelli
Imagem: Divulgação/Polícia Federal
Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava Jato, incluiu a apreensão de veículos de luxo, lancha e de obras de arte - Divulgação/Polícia Federal - Divulgação/Polícia Federal
PF também recolheu R$ 300 mil em espécie
Imagem: Divulgação/Polícia Federal
22.fev.2016 - Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava Jato, incluiu a apreensão de veículos de luxo, lancha e de obras de arte - Divulgação/Polícia Federal - Divulgação/Polícia Federal
Um dos veículos de luxo recolhidos foi um modelo BMW 320i
Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Mais detalhes sobre  a operação dessa terça-feira:

Discriminação dos Mandados Judiciais

28 mandados de condução coercitiva

(Alvos com múltiplos endereços)

11 mandados de prisão temporária

(Alvos com múltiplos endereços)

4 mandados de prisão preventiva

(Alvos com múltiplos endereços)

67 mandados de busca e apreensão divididos da seguinte forma:

29 - São Paulo (1 em Guarujá, 1 em Guarulhos, 2 em Jundiaí, 1 em Valinhos e 25 em São Paulo)

18 - Rio de Janeiro (1 em Angra dos Reis e 17 no Rio)

8 - Bahia: (7 em Salvador e 1 em Mata de São João)

4 - Brasília

4 - Pernambuco (todos em Recife)

3 - Minas Gerais (2 em Belo Horizonte e 1 em Nossa Fazenda)

1 - Rio Grande do Sul (Porto Alegre)