Josias de Souza

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Opinião

Itamaraty acerta no timbre da resposta ao surto de Maduro

Presenteado com ataques vindos de Caracas, Lula mandou o Itamaraty responder ao penúltimo surto. Nele, a Polícia Nacional Bolivariana postou nas redes sociais uma silhueta borrada de Lula, com a bandeira do Brasil ao fundo, seguida de uma hashtag petulante: "Quem mexe com a Venezuela se dá mal".

Na nota encomendada pelo Planalto, o Itamaraty "constata com surpresa o tom ofensivo" e a "opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos". Realça que isso "não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo".

Deve-se o chilique do regime ditatorial de Maduro ao veto de Lula impôs ao ingresso da Venezuela no Brics. Recolocando o debate nos trilhos, o Itamaraty evocou a condição do Brasil de "testemunha dos Acordos de Barbados", desrespeitado por Maduro ao fraudar a eleição venezuelana e sufocar a reação do asfalto com prisões arbitrárias e perseguição a opositores.

Em contraposição ao histrionismo de Caracas, o texto da chancelaria brasileira reitera a convicção de que "parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo". Nesse trecho, a nota como que empurra para Caracas a responsabilidade pelo desfecho de uma crise que, fabricada por Maduro, coloca as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela na antessala do rompimento.

Foi como se Lula, valendo-se da intermediação do Itamaraty, devolvesse a Maduro o conselho que recebeu dele meses atrás. O que o governo brasileiro disse ao ditador, com outras palavras. foi mais ou menos o seguinte: "Se Maduro não está satisfeito com a moderação do Brasil, que tome chá de camomila."

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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