Provável debandada do PMDB lembra saída do PFL do governo FHC
A próxima terça-feira (29) já recebeu alguns apelidos no meio político. Uns dizem que será a "Super Terça" do governo federal, em referência ao dia em que ocorrem votações importantes nas eleições primárias nos Estados Unidos.
Outros têm dito que será o "Dia D" de Dilma Rousseff, cujo "D" tem tanto relação com a primeira letra do nome da presidente quanto com o fato que será decisivo para o futuro do Executivo federal.
Está marcada para amanhã a reunião do PMDB, que pode confirmar a tendência de saída do partido da base governista. Caso a debandada se concretize, não será a primeira vez, desde a redemocratização, que um importante aliado do governo federal vai abandonar o barco.
Em 2002, o PFL (atual DEM) desembarcou do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Após reunião da Executiva Nacional, em março daquele ano, o partido anunciou o rompimento com o governo federal. O partido era aliado de FHC desde as eleições de 1994.
À época de sua saída da base aliada, o PFL tinha a maior bancada na Câmara dos Deputados e a segunda maior no Senado. Atualmente, o PMDB tem a segunda maior representação na Câmara e a maior no Senado.
"O partido era coeso e arregimentado. Sem exceção, todo mundo se demitiu, até o quinto escalão. Menos Marco Maciel, que tinha sido eleito como vice-presidente", lembra o cientista político David Fleischer, da UnB (Universidade de Brasília).
A crise entre o PSDB e o PFL se deu por conta do impasse em relação a quem seria o candidato do governo à Presidência. O partido de FHC defendia o nome de José Serra (PSDB); já o PFL queria como postulante a então governadora do Maranhão, Roseana Sarney.
O ponto alto do conflito ocorreu depois que uma operação da Polícia Federal foi realizada em uma empresa de propriedade de Roseana e de seu marido, em São Luís, e as informações foram vazadas à imprensa. O PFL acusou o Ministério da Justiça, ao qual a PF é subordinada, de facilitar o vazamento.
Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições em 2002 no segundo turno contra Serra.
Na opinião de Fleischer, sem o apoio do PFL, que lançou Roseana como candidata naquele mesmo ano, ficou mais difícil para o governo FHC eleger José Serra. "Isso ajudou Lula a derrotar Serra."
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