Calor, confusão e invasão: como foi a 1ª cerimônia de Temer na Presidência
Calor, confusão e até uma tentativa de invasão. Teve tudo isso na primeira cerimônia realizada por Michel Temer (PMDB) na condição de presidente interino nesta quinta-feira (12). Conhecido pelo estilo discreto e comedido, Temer deu posse aos seus ministros em um evento marcado pelo improviso.
A primeira mostra de que a cerimônia seria confusa foi a constante troca de horários do evento. Ao longo do dia, as informações foram desencontradas. Primeiro, a cerimônia estava prevista para começar às 15h. Depois, informações correram dando conta de que ela seria às 16h. Acabou começando pouco depois das 17h.
A segunda mostra de o dia reservava “emoções” chegou quando foi divulgado o local onde o evento seria realizado. Em vez do Salão Nobre do Palácio do Planalto, com capacidade para pelo menos 400 pessoas e bem arejado, foi escolhido o Salão Leste, menor, mais abafado e com capacidade para pouco mais de 200 pessoas. Não havia lugar para as mais de 200 pessoas presentes (sem contar a imprensa). Senadores como Aécio Neves (PSDB-MG) e Simone Tebet (PMDB-MS) tiveram de ficar de pé durante a cerimônia praticamente toda.
Tropa de choque de Cunha marca presença
Entre os convidados, um grupo em particular se destacava: o dos integrantes da “tropa de choque” do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Entre eles estavam Manoel Júnior (PMDB-PB) – que tirou diversas selfies ao lado do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que também estava animado, afinal, seu irmão, Geddel Vieira Lima (PMDB) foi nomeado ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer.
Outros integrantes da “tropa” de Cunha eram Carlos Marum (PMDB-MS) e Tia Eron (PRB-BA). Mais cedo, Cunha, que não apareceu na cerimônia, comemorou o afastamento de Dilma no twitter. “Antes tarde do que nunca”, postou Cunha ironizando a declaração idêntica dada por Dilma quando ele foi afastado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Pouco antes das 17h, o salão estava lotado e a aglomeração somada ao calor gerado pelos holofotes das equipes de televisão dava a impressão de que o sistema de ar condicionado do local não estava funcionando. De repente, no canto esquerdo do salão, um grupo começa a bater palmas. “Aêêêêê!!!”. Foi a forma como os convidados agradeceram ao cidadão que abriu uma das janelas do salão e amainou o calor.
Minutos antes da chegada de Temer, a preocupação de cinegrafistas e fotógrafos era um conjunto de peças de acrílico utilizada como teleprompter (aparelho para leitura de textos) que foi colocado em frente ao púlpito onde o presidente interino fez seu discurso. Os profissionais gritavam desesperados alegando que o equipamento iria atrapalhar a tomada de fotos. A angústia foi tanta que um grupo iniciou um coro recheado de ironia: “não vai ter foto”.
Era uma clara alusão ao coro “não vai ter golpe”, entoado pelos manifestantes e políticos contrários ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Os políticos presentes, na maioria integrantes do grupo que fez oposição a Dilma, começaram a aplaudir. A animação mudou quando os fotógrafos resolveram elogiar um funcionário do Planalto que tentou, em vão, organizar o “exército” de políticos que teimavam e atrapalhar as fotos. “Gilmar, Gilmar, Gilmar”, gritavam os fotógrafos, mas os presentes entenderam “Dilma, Dilma, Dilma”. Foi o suficiente para que os políticos e convidados iniciassem uma vaia.
Temer arrancou aplausos em diversos momentos de seu discurso, entre eles quando disse que manteria programas sociais como Bolsa Família e Pronatec e quando declarou apoio à Operação Lava Jato. Mas talvez os aplausos mais insólitos (e talvez injustificáveis) aconteceram quando o presidente engasgou durante o discurso. Ele tentou prosseguir, mas a voz parecia não ajudar. Calmo, Temer tomou um gole de água, mas a voz teimava em não voltar. Então, um dos convidados se levantou e entregou uma caixa de balas do tipo “tic-tac” ao presidente. Enquanto se recuperava, a plateia irrompeu em aplausos.
Certamente pela confusão e pelo barulho, poucos convidados chegaram a perceber que um grupo de militantes contrários ao impeachment de Dilma tentou invadir o Palácio do Planalto, mas seguranças impediram. O grupo, aliás, composto por pouco mais de 10 pessoas, era um dos únicos que estava em frente ao Palácio do Planalto no momento em que Temer assumiu o poder. Do lado de dentro do Palácio do Planalto, centenas de pessoas e políticos assistiam à cerimônia de posse do novo governo enquanto a Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios continuavam vazias, sem manifestantes.
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