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André Moura elogia Cunha, mas nega influência do ex-presidente da Câmara

Ricardo Marchesan

Do UOL, em Brasília

18/05/2016 13h39Atualizada em 18/05/2016 16h24

O deputado federal André Moura (PSC-SE), novo líder do governo na Câmara, disse que o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não teve influência na escolha de seu nome para a posição, e nem irá influenciar suas decisões, mas confirmou que se reuniu com ele na semana passada. Moura é conhecido por ser um dos principais aliados do peemedebista na Casa.

"O presidente Eduardo Cunha não terá influência nenhuma na minha liderança", afirmou Moura, após a reunião de líderes que confirmou seu nome.

Moura afirmou que se encontrou com Cunha na semana passada, mas que não falou com ele após a escolha de seu nome para a liderança.

Segundo o novo líder, ele foi convidado para o cargo pessoalmente pelo presidente interino Michel Temer na noite de ontem.

Ele fez elogios a Cunha, dizendo que "foi importante durante todo o processo de impeachment" e que "teve coragem de deflagrar o processo de impeachment".

Moura também disse que o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), não deve presidir a sessão de hoje da Casa.

O novo líder do governo disse que Maranhão não pretende renunciar, por isso é necessário ajudá-lo. "O que é possível neste momento é a gente ajudar o presidente Maranhão a conduzir o plenário da Câmara, como ajudamos ele há poucos instantes atrás a conduzir o colégio de líderes", afirmou Moura.

Operação Lava Jato

Sobre o pedido de inquérito contra Moura no Supremo Tribunal Federal, resultado das investigações da Operação Lava Jato, o deputado negou envolvimento com esquema de corrupção.

Ele disse que está sendo investigado porque teria sido "agressivo" em sua atuação nos trabalhos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras na Câmara. "O fato de ser duro, e ser considerado, portanto, entre aspas, como está pedido de investigação, agressivo e carrasco, se é o motivo para me colocar sob investigação da Lava Jato, paciência, mas não tenho nada a temer."

Moura também disse que já pediu arquivamento por falta de provas do inquérito que está no STF por tentativa de homicídio.

Ele é acusado por Juarez Batista dos Santos, um ex-aliado político e que o sucedeu na Prefeitura de Pirambu (SE). Juarez o acusa de se apropriar ou desviar bens públicos do município.

Segundo Juarez, Moura pediu o repasse de R$ 1 milhão entre abril e setembro de 2006 e que, como não conseguiu cumprir, passou a ser ameaçado. Juarez acusa Moura de ser o mandante de um ataque feito por quatro homens encapuzados, que teriam trocado tiros com o vigilante de sua casa.

Deputado diz que Temer não queria Moura

O deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE), que era vice-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, afirmou que o presidente interino Michel Temer é "refém" de Eduardo Cunha, presidente afastado da Casa.

Segundo Costa, o presidente interino não era favorável ao nome de André Moura para a liderança do governo, mas teria aceitado a indicação. Caso contrário, de acordo com Costa, os partidos do bloco do "centrão" indicariam nomes para a comissão do impeachment de Michel Temer.