Arthur Lira é 'pai' do jabuti dos impostos sobre importados até US$ 50
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez nessa quinta-feira, 23, uma citação que pareceu gratuita sobre a filha do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), durante conversa rápida com repórteres no Palácio do Planalto.
Lula anunciou que sua tendência é de vetar o imposto sobre produtos importados até US$ 50 incluído pela Câmara no projeto do Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), cuja votação pelo plenário da Câmara emperrou na quarta-feira, mas que deverá ser votado na próxima semana.
A explicação do presidente foi a seguinte:
"Eu disse ao Alckmin que minha filha compra essas bugigangas, a filha dele compra, a filha do Arthur Lira compra. Por que vamos impedir?", disse Lula, citando o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
As "bugigangas" são os produtos até esse valor vendidos por sites em geral chineses como Shopee e Shein. Segundo Alckmin, esses sites concorrem com produtos das indústrias brasileiras.
Mas o imposto foi incluído no projeto do Mover, que prevê incentivos ao setor automotivo e nada tinha a ver com importação de produtos dos sites chineses.
No Congresso, quando um tema é incluído num projeto que nada tem a ver com o assunto é chamado de "jabuti".
Por quê? Devido ao bordão: "Jabuti não sobe em árvore. Quando está lá, ou foi enchente, ou mão de gente."
Em geral quem colocou o "jabuti" no projeto fica incógnito.
Nesse caso, o "jabuti" do e-commerce foi incluído pelo relator, deputado Átila Lira (PP-PI). E o que se diz na Câmara é que foi o presidente da Casa quem convenceu o relator a colocar o jabuti na árvore do Mover.
Por isso, o presidente Lula apareceu com a citação à filha de Arthur Lira na conversa com os repórteres. Não foi uma citação gratuita.
O interessante dessa história, além de suas implicações econômicas, é também isso: agora até o presidente da Câmara coloca jabutis no alto das árvores do Congresso.
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