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Sob gritos de "vergonha", votação de processo contra Cunha é adiada mais uma vez

Cunha diz que seu processo de cassação é "político"

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

13/07/2016 17h21Atualizada em 13/07/2016 21h24

Ao som de gritos de "vergonha", o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-PR), encerrou no fim da tarde desta quarta-feira (13) a sessão no colegiado, adiando mais uma vez a votação do recurso contra o processo de cassação do ex-presidente da Câmara e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Uma nova reunião foi marcada para esta quinta-feira (14), às 9h. 

A discussão sobre o recurso começou ontem e havia sido postergada para hoje. Em diversos momentos da sessão desta quarta, que durou cerca de sete horas, aliados de Cunha tentaram encerrar a reunião. Eles usaram como justificativa a eleição para a presidência da Casa, programada para hoje.

Assim como na sessão de ontem, Cunha compareceu à reunião, acompanhado do advogado Marcelo Nobre, para fazer sua defesa pessoalmente. Ao apresentar sua defesa ontem, Cunha afirmou ser alvo de um "processo político". Na semana passada, Cunha renunciou à presidência da Câmara depois de cerca de dois meses afastado do cargo por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). 

O debate de hoje na CCJ girou em torno, na maior parte do tempo, do único ponto que o relator, Ronaldo Fonseca (Pros-DF), acatou do recurso de Cunha em relação a supostas irregularidades ocorridas na votação no Conselho de Ética da Casa.

Na semana passada, Fonseca pediu a anulação da votação realizada no Conselho de Ética. Segundo ele, a chamada nominal feita pelo presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), foi "ilegal".

Há um mês o colegiado aprovou, por 11 votos a nove, a cassação de Cunha por quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de mentir na extinta CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras ao negar ter contas no exterior. Posteriormente, a Procuradoria-Geral da República confirmou a existência de contas na Suíça ligadas a Cunha e a seus parentes. Cunha nega ser o titular das contas.

Se a CCJ aprovar o recurso, o caso volta para o Conselho de Ética. Se for rejeitado, é definido um novo relator na CCJ. Apenas quando houver um parecer favorável ao prosseguimento do processo o pedido de cassação pode ser enviado ao plenário, onde são necessários ao menos 257 votos para aprovar cassação de mandato.

O processo de cassação contra Cunha é o mais longo que já tramitou na Casa. A representação foi entregue em outubro de 2015, mas seu andamento tem sofrido atrasos por causa da ação de aliados, que são acusados, por deputados que querem a cassação do peemedebista, de promoverem "manobras" para beneficiar Cunha e adiar o desfecho do caso.