Sessão de análise de cassação de Cunha fica para depois da votação do impeachment
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para 12 de setembro a sessão que votará o pedido de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A data representa o adiamento por quase um mês da decisão sobre a cassação do peemedebista e deve jogar o desfecho do caso para depois da conclusão do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. A expectativa é que as sessões finais do impeachment ocorram até o final de agosto.
Maia informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a data foi escolhida após conversas com líderes dos partidos e respeitando o histórico dos prazos concedidos para marcar esse tipo de votação.
Com a leitura no plenário do parecer do Conselho de Ética na última segunda-feira (8) o caso já poderia ser votado em plenário após duas sessões. Mas deputados da base do governo do presidente interino, Michel Temer, vinham pressionando para que a cassação fosse decidida somente após o desfecho do impeachment, segundo afirmou Maia em entrevista nesta quarta-feira (10), antes de anunciar a definição da data.
“A oposição quer votar amanhã. A base do governo quer votar depois do impeachment. Do ponto de vista político, tudo é legítimo. No meu ponto de vista, é respeitando a média histórica de cassações nesta Casa, respeitando a opinião de todos os líderes, que vou tomar a decisão hoje”, afirmou, em entrevista à Agência Câmara.
Eduardo Cunha renunciou à presidência da Câmara no dia 7 de julho, dois meses após ser afastado do cargo por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal). O deputado, no entanto, mantém o direito a salário, assessores e residência oficial em Brasília.
Cunha é alvo de processo de cassação na Câmara por ter omitido a existência de contas na Suíça em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras. As investigações da Operação Lava Jato ligaram as contas no exterior do peemedebista ao recebimento de propina do esquema de corrupção da empresa petroleira.
O deputado nega envolvimento no esquema e diz que vai provar sua inocência. Sobre as contas na Suíça, Cunha afirma se tratarem de trusts, um tipo de investimento no qual os bens são administrados por terceiros e para o qual não seria exigida a declaração à Receita Federal. Por isso Cunha defende não ter mentido à CPI quando disse não possuir contas.
O deputado do PMDB é réu em duas ações penais pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em casos que têm ligação com o esquema na Petrobras.
Cunha também foi alvo de uma terceira denúncia ao STF, de novo por corrupção e recebimento de propina, e responde a pelo menos outros seis inquéritos no Supremo.
Em todos os casos, o deputado nega ter cometido irregularidades.
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