Cassado em 1992, Collor nega que impeachment de Dilma seja golpe
O ex-presidente e hoje senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) afirmou nesta terça-feira (30) que o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, não é um golpe.
"O governo afastado transformou sua gestão numa tragédia anunciada. É o desfecho típico de governo que faz da cegueira econômica o seu calvário, e da surdez política o seu cadafalso. Esse é um contexto que outrora até poderia ensejar um golpe de estado clássico para solucionar em curto prazo uma aguda crise política. Não foi o caso", afirmou.
Em seu discurso durante o julgamento do impeachment, Collor comparou a situação vivida por Dilma com o seu próprio impedimento, citando trechos do livro "O Golpe de 1992", de Charles Antônio Kieling, e disse que foi condenado "politicamente em meio a tramas e ardis".
"Em 1992 tentaram me imputar corresponsabilidade por suposta infração penal na seara do crime comum, cuja apuração e julgamento caberiam somente ao Supremo Tribunal Federal", afirmou. "A partir de ocorrências pessoais, e não institucionais, forças conjugadas simularam uma crise política, uma crise política de governabilidade, forjaram uma instabilidade econômica que não existia."
Apesar de não ter declarado abertamente em sua fala que votará a favor do impeachment de Dilma, as críticas de Collor ao governo petista indica que deverá provavelmente votar a favor do impeachment na votação que está prevista para essa quarta-feira (31).
Ele finalizou dizendo: "Ontem, senhor presidente, eram inúmeras as simulações. Hoje, inúmeras são, as dissimulações."
Em maio, na votação do Senado que aceitou o pedido de abertura do processo de impeachment, Collor foi um dos últimos senadores a tornar pública sua decisão, mas votou contra a petista.
No último dia 10, na sessão que tornou Dilma ré, Collor votou novamente a favor do impeachment.
Após a fase de pronunciamentos sobre os votos, dois senadores deverão falar pela acusação e outros dois pela defesa. Cada um falará por até cinco minutos. Depois disso, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, deverá abrir a votação para que os senadores julguem Dilma por meio do voto. A votação será eletrônica, aberta e está prevista para ser realizada na quarta-feira (31) pela manhã.
Na manhã desta terça, falaram, por 1h30, defesa e acusação. Pela defesa, discursou José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma. Pela acusação, revezaram-se os advogados Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior.
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