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"Agora tem uma denúncia. O mais é mimimi e trololó", diz Mendes sobre Lula

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Gilmar Mendes  - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Gilmar Mendes Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

16/09/2016 13h28

O ministro do STF (Supremo Tribunal e Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, defendeu o trabalho da força-tarefa da Operação Lava Jato e afirmou que o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido denunciado pelo Ministério Público Federal dá "segurança" a ele a seus advogados. Ele sustenta que, com a denúncia, o petista poderá se defender de forma ampla e concreta, superando o debate político. "O que é positivo nesse caso específico? E acho que isso dá segurança ao presidente Lula e a seus advogados. Agora ele tem uma denúncia. O mais é 'mimimi' e 'trololó'. Havendo uma denúncia, se defende da denúncia que foi proferida. É o dado positivo."

"Essa força-tarefa está fazendo um bom trabalho. Um trabalho importante. Isso precisa ser reconhecido. Já se falou muitas vezes de passar o Brasil a limpo. É uma tarefa muito difícil. Mas isso de alguma forma está ocorrendo. Nós estamos conhecendo as entranhas do mundo político e empresarial brasileiro. Aqui ou acolá vai haver críticas, eu mesmo já fiz críticas a determinadas propostas. Isso é absolutamente normal", declarou.

Na avaliação de Gilmar Mendes, a discussão referente a quais crimes poderiam ser imputados a Lula na Lava Jato não é importante neste momento. O "positivo", reafirmou o ministro, é que "houve a apresentação de uma denúncia". "Do mais, se amanhã ele vier a ser denunciado por organização criminosa ou se está sendo investigado no Supremo por quadrilha ou organização criminosa, isso vai se resolver no âmbito do Ministério Público e do Judiciário."

Mendes também afirmou que as contas da chapa da ex-presidente da República Dilma Roussef não serão julgadas neste ano caso as oitivas do processo, como depoimentos de testemunhas e análise de provas, sejam concluídas até novembro. "Se encerrar toda essa fase de instrução em novembro, certamente nós não vamos julgar nesse ano. Então vamos aguardar. Isso que é importante. Eu sei que isso preocupa. Se houver um juízo positivo para eventual cassação e isso ocorrer ainda este ano, haveria eleições diretas. Do contrário, eleições indiretas, como determina a constituição. Mas o futuro a Deus pertence. Vamos aguardar."

Denúncia

De acordo com os procuradores que atuam na Operação Lava Jato, Lula teria comandado o esquema de corrupção na Petrobras e atuado, com a empreiteira OAS, no desvio de ao menos R$ 87,6 milhões da estatal.
 
O ex-presidente teria recebido, em lavagem de dinheiro, R$ 3,8 milhões. A principal acusação se refere ao tríplex, no Guarujá. A OAS teria reservado a cobertura do prédio para o casal Lula e Marisa como forma de pagamento de propina, que somaria mais de R$ 2,4 milhões, somando o valor do imóvel e as reformas feitas.
 
A Lava Jato denunciou formalmente na quarta (14) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a ex-primeira dama Marisa Letícia; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS; Fabio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos; e os funcionários da OAS Roberto Moreira Ferreira e Paulo Roberto Valente Gordilho.