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Prisão de Mantega em hospital foi infeliz coincidência, diz Lava Jato

Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

22/09/2016 10h58Atualizada em 22/09/2016 12h59

A ida de agentes da PF (Polícia Federal) ao Hospital Albert Einstein para prender nesta quinta-feira (22) o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, alvo da 34ª fase da Operação Lava Jato, foi considerada uma triste coincidência pelo procurador da República Carlos Fernando Lima. "Infelizmente, coincidências como essa são tristes quando acontecem, mas não há como não se cumprir uma ordem judicial”, disse. No início na tarde, porém, o juiz Sérgio Moro mandou soltar o petista.

Mantega acompanhava sua mulher, que iria passar por uma cirurgia. Alvo de mandado de prisão temporária, ele passará cinco dias detido na sede da PF em Curitiba.

"A equipe se dirigiu ao apartamento [de Mantega] e desconhecia a situação da esposa dele", comentou Igor Romário de Paula, delegado da PF. "Como ele tinha se deslocado ao Hospital Albert Einstein, foi feito um contato com ele".

O delegado conta que parte dos policiais foram até o hospital, onde encontraram Mantega. "Ele não estava no centro cirúrgico [quando foi feito o contato]. Não houve entrada de hospital, nem no centro cirúrgico", afirma Paula.

De acordo com o delegado, Mantega não solicitou aguardar a cirurgia da mulher para o posterior cumprimento dos mandados. "Cirurgia ainda não havia começado. Ele aguardava com a esposa quando foi comunicado", disse. O advogado do ex-ministro, José Roberto Batochio, informou à "Folha de S.Paulo" que a paciente já estava pré-anestesiada quando ocorreu a prisão. 

Segundo o procurador Lima, a decisão que gerou a 34ª fase foi tomada em agosto de 2016. "Só não foi cumprido por circunstâncias operacionais", disse, citando também os Jogos do Rio como motivo para a Lava Jato voltar a agir quase dois meses após a 33ª fase.

"Os mandados eram necessários, estavam há muito tempo deferidas. Não havia como prever esse infortúnio [a cirurgia da mulher de Mantega]", lamentou o procurador.

Acompanhados dos agentes da PF, Mantega voltou a seu apartamento, onde foi cumprido mandado de busca e apreensão na presença dele. Depois, ele foi levado para a Superintendência da PF, em São Paulo. Ainda nesta quinta, ele será levado para a sede da instituição em Curitiba.

Repercussão

Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", o advogado de Mantega, José Roberto Batochio, disse esperar que a ação da PF não atrapalhe a cirurgia da mulher do ex-ministro. Já o vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), classificou como "covardia" a prisão de Mantega no hospital.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) classificou a ação de "espetáculo". "E não podia faltar o espetáculo e a humilhação, característicos de Moro e PF", disse a petista no Twitter.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que o ocorrido foi uma "desumanidade inaceitável".  "A operação não deveria chamar Arquivo X, mas sim Operação Boca de Urna", comentou Falcão à "Folha".

Já o desembargador e professor de Direito Wálter Maierovitch considerou "exagerada, desproporcional, desnecessária" a prisão temporária do ex-ministro. Maierovitch afirma que a prisão temporária só pode ser decretada se de fato necessária às investigações ou se tornaria uma "antecipação do julgamento".

Procurado, o Hospital Albert Einstein disse que não tinha informações sobre o estado de saúde da mulher de Mantega.

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