Saiba por que alguns policiais da escolta da Lava Jato aparecem mascarados
Como é de praxe nas fases da Operação Lava Jato, a prisão preventiva do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na quarta-feira (19) teve ampla cobertura da imprensa. E as fotos de Cunha sendo escoltado em direção ao IML (Instituto Médico Legal) de Curitiba levam a uma questão que ocorreu em outras ocasiões: por que alguns policiais federais da escolta dos réus escondem o rosto com máscaras?
Segundo o presidente do Sintef-PR (Sindicato dos Policiais Federais do Paraná), Francisco Breus, a decisão de usar a balaclava (máscara de lã que deixa apenas os olhos à mostra) é pessoal de cada agente. Normalmente, o senso de preservação da própria imagem acaba sendo o principal motivo, seja por privacidade ou por precaução contra represálias de criminosos.
"O policial fica muito exposto [por causa da cobertura da imprensa]. Ele tem família e trabalha nas ruas. Existe a perseguição de facções do crime organizado a certos agentes", diz. "Há policiais de várias áreas e alguns deles atuam no combate ao narcotráfico. Como estão na rua investigando, facilmente seriam detectados".
Os policiais não mascarados na condução dos presos estariam cientes dos riscos, segundo Breus. "Todos são alertados sobre a preservação da imagem mas alguns acabam não se prevenindo", explica.
Escrutínio na web
Mesmo quando a segurança pessoal não é um problema, há ainda a exposição que pode resultar em um escrutínio público nos perfis das redes sociais dos policiais desmascarados. É o caso de Newton Ishii e de Lucas Valença, apelidados de "Japonês da Federal" e de "Hipster da Federal".
Ishii inspirou memes por ser figura constante nas prisões, enquanto Valença foi elogiado por sua beleza. Mas o "hipster" também teve postagens antigas recuperadas declarando voto em Aécio Neves (PSDB) e sugerindo que a vitória de Dilma Rousseff (PT) fora fraudada, o que gerou controvérsia nas redes sociais.
No entanto, Breus afirma que não existe nenhum código de conduta dentro da Polícia Federal para postagens em redes sociais. "Existe o policial e a pessoa particular. A pessoa no trabalho é uma coisa, tem uma conduta ética. No particular ela tem direito a ter convicções. Como ele não está se identificando como policial naquele momento, não está expondo a instituição".
Os casos de Ishii e Valença podem servir de exemplo, segundo o presidente do Sinpef-PR. "Possivelmente todos os policiais estarão usando a balaclava a partir de agora", especula.
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